quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Crô, homossexualidade, moralismo, afetação, combustão, medo, receio, dominação

CANSO d'ouvir por onde ando que o personagem do ator Marcelo Serrado, o Crô de Fina Estampa, não representa os homossexuais: nem da esquerda, nem da direita. POR outro lado, enxergo em Crô a imagem e semelhança do próprio criador dele e de uma época, de uma memória, de uma história; o autor Agnaldo Silva quando jovenzinho participava dos blocos de defesa dos homossexuais lá na década de setenta. A propósito, a proposta dos meninos do Grupo Somos - grupo de homossexuais, intelectuais e artistas de São Paulo - era mesmo desmunhecar e defender os homossexuais: o velho desbunde. Crô, de fato, é uma bicha retrô, bicha forjada na luta política que ousou dá a cara a tapa para que os machões gays, os machos passivos da atualidade pudessem dizer: "Sou gay e sou macho". O moralismo, portanto, de alguns quadros do movimento gay é aterrador. A homossexualidade hoje já não é mais uma doença: doentes são os seus detratores. Uma inversão de perspectiva radical. Talvez, a intenção de Agnaldo Silva ao colocar uma bicha afetada, afeminada, afrescalhada, que em nada lembra os machos passivos, seja mesmo esta: de relembrar a estes indivíduos o seu passado, o seu histórico, a mãe redentora de toda bicha afrescalhada ou machuda. Com isto, Agnaldo dá início a uma grande combustão, a uma espécie de separatismo discursivo. Reacende o velho debate: para ser gay é preciso afrescalhar, desmunhecar, desbundar? Eis a pergunta dos machões que adoram ser penetrados. Por outro lado também reacende a perspectiva de que nem tudo está perdido: ainda não é o fim da bicha louca, desvairada, afetada: ela ainda pode dá grandes contribuições à causa gay. Num mundo que tende à dominação dos machos passivos, o medo que a homossexualidade desapareça de vez, Crô se transforma no redentor para as bichas velhas, as históricas, que viveram os gloriosos ânus setenta e sentem saudade do desbunde, da desmunhecação: da transgressão às normas. Talvez, esteja na hora das bichas-loucas entrarem, novamente, em cena contra à dominação dos machos passivos que são do ponto de vista sexual muito HETEROSSEXUALIZADOS e trazem quase que no DNA o horripilante machismo gay. Tenho dito!!!!

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