domingo, 13 de fevereiro de 2011

Contos da Cidade Baixa...


Uma noite para Morfeu

Vagamente. O som vem chegando de fora, insinua-se na janela ao bater das cortinas. Um leve suspiro arfado no peito, uma leve brisa lambendo seus pés. Levanta-se rápido e fecha a janela, cerra a cortina, apaga a luz e lhe aparece Morfeu. Dois lindos olhos mariscados, límpidos parafusos roscados, duas jabuticabinhas dengosas suspensas no tórax, nu o coração do dragão.
- Ave César!
E correm santos e correm anjos e correm-que-correm. No aparato, lá embaixo, no porão, só os gritos, os gritos não, os regozijos, os gozos escapando do coração, de almas, de nebulosas brancas, cinzas, escuras, vermelhas, amarelas, cantadas, irritadas, amores de um sargentão da PM que passa os dias e as noites e as tardes e os meses e os anos reparando tudo da sua janela.
E tão logo que Morfeu se desfaz, o velho sargentão cai no pranto, na dor, no odor de quem já não suporta mais a vida, a vida, a vida vazada, furada, bichada.
- Que vida!? – suspira deitado no chão.
E ainda Morfeu lhe acena da janela, da janela da birosca e entra para dançar no outro salão a embriagar de desejo e sonho as gimnospermas da cidade baixa. 
(João Cândido Tessar in: Contos da Cidade Baixa)

Sem glamour, triste realidade

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E hoje é domingo de chuva...

DUAS GRANDES VOZES, DUAS GRANDES PERSONALIDADES INESQUECÍVEIS...

Luis Torres, o TOSCO!


LEIAM POR FAVOR O TEXTO ABAIXO:

Jéssica desmoraliza escolar particulares e mostra que ensino público é possível

Jéssica Sena de Souza tem 17 anos e teve uma boa notícia ontem: foi aprovada em Direito na UFPB. Chama atenção o fato de ela ter estudado a vida inteira em escola pública. Filha de um cabo da Polícia Militar e uma dona de casa, Jéssica nunca teve direito nem de pensar em estudar em escolar particular. Cursinho pré-vestibular? Esse nem pensar. Estudando sozinha com os livros doados pelo poder público, Jéssica derrubou meninos e meninas que gastam até dois mil reais por mês a fim de se preparar para o vestibular. De quebra, além de Direito na UFPB, passou em Administração na UFCG. Claro. É um exemplo inquestionável de superação pessoal. Mas também é um exemplo de que é possível salvar as escolas públicas neste país e transforma-las verdadeiramente em fontes de melhoria da qualidade de vida deste Brasil. Teríamos mais Jéssicas. E menos Geo.

***
Bem, sou professor universitário, sou mestre e curso doutorado. Nunca estudei numa escola particular? E daí? Sou um gênio? Posso dizer que o ENSINO PÚBLICO tem jeito? Conversa fiada de um jornalista que não entende nada do assunto. É lição do JARDIM DA INFÂNCIA e o estudante de Direito - Luis Torres - já devia saber que não se pode legislar em função das excessões. Eu sou excessão, esta garota mais uma. Mas, a regra é clara: O ENSINO PÚBLICO E O PRIVADO não prestam - cuja diferença é só em relação a assiduidade e melhores salários para os prefessores entre uma e outra escola -. O ensino no Brasil já não tem - creio eu - mais jeito, por que foi mercantilizado ao extremo: as bases da educação são moralista, elitista, preconceituosa que faz um vereador - o caso de Hervázio Bezerra - tentar constranger seus pares com desculpa gramatical. O ensino superior é PREOCUPANTE, pois no afã de lucrar mais - todo mundo sabe disto - as instituições privadas aumentam os seus quadros discentes, mas a qualidade é muito duvidosa. Milhares de estudades de direito, por exemplo fazem a prova de ORDEM e e em algumas instituições privadas é alarmante o índice de reprocação. Tem universidade que inscreve 140 alunos e sequer consegue aprovar um; outras ainda conseguem aprovar 5 ou 7%. Passar em um vestibular - e aí eu não quero tirar o mérito da mocinha - não é a grande questão. A pergunta precípua é: conseguirão os aprovados continuar na vida acadêmica? Nas universidades federais será muito difícil. Nas privadas já sabemos o resultado caso tenham como manter as mensalidades em dia. Se Luis Torres tivesse lido Ervin Goffman ele não teria jamais escrito o que escreveu e no lugar de propor mais escolas públicas teria proposto a derrubada das salas de aula!

Vivaldi, o grande mestre italiano!

Eis aqui um concerto para flauta-doce SOPRANINO. Para quem não conhece o instrumento flauta-doce - quase todo mundo que não conhece acha que é apito para menino buchudo - a flauta-doce tem uma história longa e feliz que por falta de tempo e espaço não será possível contá-la aqui. Mas, os interessados depois pode buscar a história da flauta-doce na internet. Basicamente, a flauta-doce tem classicação que é: soprano (a mais conhecida), sopranino (talvez, a menos conhecisa, a deste concerto), a tenor e a barítono ou baixo (de som mais grave). Enfim, curtam o concerto de Vivaldi na interpretação da virtuosíssima Michala Petri. Bom domingo, amigos!