Há uma década eu estudo homossexualidade e gênero: sou doutorando no assunto. De fato, há uma unanimidade em torno do assunto homofobia; unanimidade que eu não compartilho. Dizem alguns estudiosos que "os homofóbicos sentem atração por quem é objeto de seu 'ódio'": mas isto faz do 'homofóbico' também um gay? Respondo mais adiante. Então, passando uma leitura em alguns portais eu me deparo com uma matéria que retoma estudos com mais de 15 anos de existência feitos nos Estados Unidos. O final do texto cito aqui para apreciá-lo melhor: "Eis os resultados: enquanto assistiam aos vídeos de sexo heterossexual ou lésbico, tanto grupo homofóbico quanto o não-homofóbico tiveram "aumento da circunferência do pênis". Em outras palavras, gostaram do que viram. Mas durante o filminho gay "apenas o grupo homofóbico exibiu sinais de excitação sexual", afirma o estudo. Pois é, eles até disseram que preferiam manter distância dos gays. Mas, opa, seus pênis contaram outra história".A primeira questão que me vem sempre quando leio comentários e pesquisas deste tipo é: em que sentido a excitação sexual pode revelar a verdade sexual de uma pessoa determinada? Depois: excitar-se sexualmente vendo filme pornô revela uma verdade sexual negada, neste caso, homossexualidade não admitida por parte do homofóbico, no limite, todo homofóbico é gay enrustido? Generalizações deste tipo são perigosas. O que nós chamamos aqui de homofóbicos, de fato, reagem contra uma forma específica de se vivenciar a sexualidade ou reagem a um problema de maior peso: o gênero? Que pensam aqueles que nós chamamos homofóbicos sobre a homossexualidade? A história da homossexualidade está confundida com a história da travestilidade.Na verdade, os primeiros homossexuais são travestis para a história, pois, não havia esta divisão entre uma coisa e outra. Percebam, então, que a reação que a HOMOFOBIA provoca hoje em dia é muito mais uma reação de gênero (não é raro o homofóbico-ativo (aquele que violenta de alguma forma o homossexual) mandar um homossexual ser homem, ser macho, etc.) do que a uma forma específica de sexualidade (a busca do prazer). Não é à toa que muitos homossexuais temam ser confundidos com travestis (identificado como uma mulherzinha, frágil, etc) e disto decorre a sua não assunção, isto é, encoraja-o a não se assumir, isto é, assumir a sua condição sexual. A homofobia, neste caso, sempre foi na verdade o que hoje se chama de transfobia: o "medo" de ser identificado como trans (mulherzinha). Mas, João, e como explicar que HOMOFÓBICOS tenham se excitado ao verem filminhos eróticos gays: eles não são gays também? A resposta é mais do que simples: NÃO. Ser gay está muito, mas muito além da excitação sexual, do desejar sexualmente um alguém de genital idêntico. Veja, o que comumemente chamaríamos homem, quer dizer, imaginamos que um indivíduo é homem, é macho por ele ter um aparelho genital determinado: testículos e pênis, por exemplo. Mas, ser homem vai muito além das características físicas, anatômicas, fisiológicas do indivíduo. Neste sentido, SER GAY não se reduz a desejar sexualmente outra pessoa de mesmo sexo biológico. SER GAY, assim, significa partilhar de universo cultural, social, estético com outros indivíduos, etc. Um gay pode nunca ter relações sexuais com outro homem, por exemplo, sem deixar de ser gay, ao passo que, um homem pode ter contato sexual com outro homem sem nunca se identificar como gay. Eis, pois, as grandes LOROTAS do movimento homossexual brasileiro, eis, pois, as grandes LOROTAS de pesquisas engajadas, altamente ideologizadas que procuram enquadrar pessoas dentro de um universo que não lhe cabe. Acabaríamos com a homofobia se antes acabássemos com a GENEROFOBIA. Tenho dito!
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