- Sônia, não torra; não enche meu saco, pô...
- Mas, Fernandinho, eu te amo... Você é o homem da minha vida, meu macho...
- Sônia, dispenso o amor; embrulha o sexo que eu o janto mais tarde...
- Cafajeste... Você só quer abusar de mim...
- Você não goza, só finge... É por isto que só quer amor. Mulheres não gozam, fingem orgasmo... Está explicado a teoria geral do sexo.
- Que sexo? Pulha, canalha, salafrário...
- Não adianta xingar, meu bem... Eu sou macho. Eu tenho uma pacovã e você apenas um kibe-cru e isto faz de mim um dominador...
Tempos depois, no quarto...
- Ai, Fernandinho... Das grossas, hein, bem?
- Não azucrina, abre mais as pernas, meu bem... Faz carinha de anjo pro teu macho, faz...
-...
- Assim tá bem melhor...Olha o passarinho, finge que tá gostando ao menos...
- ...
- Ai, uhn, ai... Acho que vou gooo-zaaar.. Uhn, ai, ai, ai... Ufa, pensei que não ia gozar nunca...Nunca mais. Fazia tempo, hein, bem...
- Porra, Fernandinho, você deixou o creme de pistache nas minhas coxas... Foda...
-...
O amor em silêncio e o sexo arfando. A ponta acesa de um cigarro lembrando o lume d'uma vela. Tenho dito!
(João Cândido Tessar in Contos da Cidade Baixa)