sexta-feira, 5 de abril de 2013

Crônica



CRÔNICA DOS 30 ANOS OP.1 N ° 3

A solidão das individualidades

Meu vizinho me perguntou como é que um “doutor” se passava para conversar com bêbados e analfabetos; minha vizinha queria saber o que é que um “doutor” fazia na universidade; a infanta dona Rafaelita apontava com muita presteza as indelicadezas da alta corte de sua acadêmica comunidade; veio, então, siá Mocinha para dizer que a vida estava um inferno; veio, então, major Lobão para dizer que tudo estava fora dos esquadros e dele se ouvia só nostalgias da revolução de 1964, daquele março!; dona Misericórdia de muito boa oratória já não acreditava na humanidade e falava de sua menina Lindar que se “perdera” na idade das debutantes; e nisto tudo, nós, sem os honestos motivos, buscávamos de improviso os curativos para nossas feridas a supurar. Feridas enormes, purulentas; feridas da alma sorumbática, perdida, aflita; feridas as feras em suas dignidades, apenas sub-existia o homem no interminável funeral de sua humanidade.

João Cândido Tessar

Quem tem a mesma coragem que um Don Giovanni?