Gilvan Freire escreveu um artigo que tem por objeto de análise a entrada das mulheres na política, pelo menos, na política partidária ou o que ele resolveu alcunhar de o efeito Dilma. Apesar de ser um bom texto eu o achei demasiadamente prosaico. Farei duas citações diretas do texto de Gilvan e volto em seguida para comentá-las, ei-las, pois:
1º) Esse besteirol completo de considerar as mulheres mais capazes do que eram antes, só porque uma delas chegou à Presidência da República, é irracional e ilógico, porque nem Dilma conseguiu isso pra si mesma por causa dessa condição. Não fosse Lula, ninguém saberia de onde Dilma veio.
2º) Na Paraíba, na onda da ‘presidenta’, uma pedantia que tenta dar outro sexo a um cargo como pretendendo induzir um movimento feminista, há pelo menos quatro mulheres interessantes querendo disputar as maiores prefeituras do Estado. Ao que parece, nenhuma delas acredita que o efeito Dilma possa lhe dar a eleição. São todas inteligentes, destemidas e capazes, além de belas ou carismáticas. Mas Tatiana é a ‘mulher do cabeludo’; Marlene é ‘mulher não oficial de Cássio’; Daniella é a ‘filha de Enivaldo’, e Estelizabel é a ‘mulher de RC’. Afaste esses homens dessas mulheres e veja as chances de vitória que elas têm.
Eu novamente. No primeiro exemplo Gilvan que é considerado um excelente analista político revela as fragilidades de suas análises, então, a pergunta que aparece gritante é: por que só agora as mulheres conseguiram chegar à presidência da República e não em outros momentos da história política brasileira? Elas poderiam ter tido Vargas, Jango ou mesmo o Jucelino... Teriam conseguido chegar à presidência? Será que bastava a figura masculina para eleger a figura feminina se não houvesse outros mecanismos político-culturais em pleno funcionamento? Já no segundo exemplo Gilvan continua com a verborragia, com a logorreica própria do meio jurídico: muitas palavras para não dizer absolutamente nada e ainda tentar justificar tudo o que já dissera. Como que no último suspiro de um macho ressentido Gilvan resolve tentar o último golpe e dizer que as mulheres sem os homens, pelo menos, na política partidária, não servem para nada. O fato é que Gilvan demonstra pouca cultura histórica, pior, a história das lutas POLÍTICAS das mulheres, principalmente, daquele movimento feminino/feminista que ficou conhecido como sufragista ou primeira onda feminista, do feminismo (o direito exigido pelas mulheres ao voto). Em que/quem as mulheres apoiaram-se para reivindicar e conseguir o direito ao voto? Em seus pais, em seus maridos, em seus irmãos, em Deus, no Diabo? Evidente que não. Reduzir a luta feminina à incapacidade dos homens em administrar "bem" a conduta feminina e daí tentar explicar o liberalismo político que a política partidária vem assistindo com a ascensão das mulheres ao poder é demonstrar pobreza de análise, senão pura ignorância. Eu OUSO a dizer, então, justamente, o contrário da análise de Gilvan. Políticos como Cássio, Ricardo perceberam que uma das formas possíveis de chegar ou se manter no poder é aliando-se à grandes personalidades femininas, em evidência, neste caso, mais do que protagonistas políticos os machos da política se transformam em vampiros que só têm um interesse: sangrar aquelas que ajudam a partejar, politicamente. Mais, é assistir à decadência dos últimos suspiros do machismo na confortável companhia, protegida daquelas que ousaram desafiar no passado as ordens estabelecidas para conquistarem este nosso presente; os homens, então, perceberam que sem este poder forte que as mulheres detiveram no passado e hoje usufruem, barganhando em quase igualdade é o que faz temer, o que aterroriza e mais do que aterroriza, posto que escandaliza, ainda a ideologia e aos ideólogos saudosistas dos velhos tempos de oligarquia política em que o senhor mandava na siá dona. Não é um modismo ou mesmo um efeito como Gilvan Freire colocou o que hoje conduz as mulheres ao poder, pelo contrário, é a consequência de lutas históricas, de grandes enfrentamentos. Mas, ao analista, apenas interessa, evidente, proteger os seus próprios testículos contra a revolução dos ovários protegidos pelas transparentes anáguas. Tenho dito!!!!