O MUNDO DE PLATÃO
Quando o doutor Capistrano percebeu já havia dezenas de pessoas em sua volta ouvindo todo aquele bafafá filosófico. Rápido envaideceu-se de sua sabedoria e ao povo todo deitava suas lições colhidas à obra de Platão que para ele não havia filósofo maior. Lá da cerca do 'cumpade' Joca menino Honório se ria todo e se dizia:
- Eita canjerê da derrota!
O padre da localidade atento e faceiro, com os olhos matreiros e também inquisidores tudo ia ouvindo e procurando nas lições do doutor Capistrano elementos para sua missa de mais tarde. De repente Honório se jogou no meio da turba e saltou na frente do doutor a gritar:
- Seu doutor, conheço muito bem esse filósofo que riba em hora o 'sonhô cumeçô a expreicar'. Pois esse 'tá' num tem uma obra por nome de BANQUETE e seu nome num é PRATÃO? Esse aí num serve pra nada, porque de Banquete só tem o 'tiutulo' e de PRATÃO só carrega o nome.
O povo todo ouvindo essas coisas danou-se a gargalhar... E de lá dos fundos da multidão dona Zefinha começou a gritar:
- Honório cachorro-da-molesta vem timbora que Timboca (o cão danado) começou a 'reinar' e só quem segura esse 'djabo' é tu...
O doutor Capistrano começou a gargalhar e foi dizendo:
- É Honório, o meu Banquete tá sem Pratão, mas o danado do teu cão agora vai é se danar.
Honório danou-se a correr no meio da pirralhada gritando:
- 'reine' não, Timboquinha, que levo pr'ocê doutor Capistrano pra contar histórias de Banquetes e de Pratões...
Eita, a menina a gargalhar...