sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Amor à vida: a defesa da homossexualidade na novela do horário nobre

A SUTILEZA com que foi tratada a agenda gay ontem na novela foi um escândalo. De repente, o vilão foi posto de lado, havia um assunto muito mais importante e de maior URGÊNCIA a tratar: a homossexualidade. Um gay "traído", sobrevivente do ARMÁRIO dando chiliques heterossexuais de machão corneado; a revelação de um pai que jogou nos braços do filho uma "mulher da vida" para que o filho não herdasse a "danação eterna", não envergonhasse com seus ademanes o seu nome, o nome de sua família. De repente, tudo vem à tona. Tudo ridiculamente preparado para que uma "forma/possibilidade" de fazer sexo, amor, de comportar-se pudesse ser compreendida pelo grande público daquela noite brasileira.
De repente, as EMOÇÕES À FLOR DA PELE. A melhor defesa - por isto mesmo a mais vergonhosa -, na minha opinião, da teledramaturgia brasileira em prol da homossexualidade. O vilão gay "gritando" para os familiares que se achava ANORMAL e a mãe bondosa aceitando seu filho de braços abertos, dizendo que ele não era ANORMAL. A avó materna cita até seus vizinhos gays como uma forma de demonstrar a "naturalidade" e a "normalidade" de se ser gay mesmo na idade que ela tem - o velho pode compreender o novo, a "novidade" -. Até o filho do vilão tantas vezes HUMILHADO pelo pai abraça-o e garante ter sido aquele abraço o primeiro realmente sincero do pai quando, na verdade, poderia ter jogado na cara do pai todas as humilhações porque já passara. CENAS DE UM FORTE APELO CRISTÃO, comoventes.  
Ficou mesmo para o pai do vilão (FÉLIX) - Antônio Fagundes (Dr. César) - o trabalho de personificar a decepção e o ódio a homossexualidade (a virilidade estava em alta), a unidade sintética de todos os valores contra a homossexualidade. Um rompante que a sua senhora (personagem interpretada por Susana Vieira) se indaga se é verdadeiramente com um "homem deste século" com quem conversa, com um médico, um homem supostamente esclarecido. 
COMPREENDIDO por quase todos os lados, o gay pôde respirar mais aliviado. Aberta, na verdade, escancarada a porta do ARMÁRIO, parece, é esta mesmo a mensagem, pelo menos, uma delas, o homossexual pode viver a sua verdade, quem é de fato. O discurso, então, muda um pouco o tom de afirmação, de orgulho, de tolerância, compreensão para entrar em perspectivas metafísicas.
Enfim, os gays já podem dormir um pouco mais aliviados... A Globo cumpriu com o seu papel social. Melhor do que um beijo como a grande defesa foi a formação de uma nova mentalidade. Tenho dito!!!