terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A Política do Corpo num Corpo Vazio





Na foto em preto e branco - à esquerda, caso você seja daltônico - aparece Fernando Gabeira usando biquíni. No exílio, durante a Ditadura Militar, aprendeu com feministas alemãs - não poderia ser com outras! - que o seu machismo latino-americano deveria ceder espaço para novas experiências morais - discurso da liberdade do corpo - apelidada por alguns noiados da Academia - dos intelectuais - de POLÍTICA DO CORPO. Bom, o seu aprendizado feminista com as alemãs, talvez, da Bavária ou Munique, tê-lo-ia afastado dos BOLCHEVIQUES de seu tempo que só pensavam na TOMADA do Poder. Veja, então, que a REVOLUÇÃO que se propunha por aqueles momentos - 1970 em diante - não era a tomada da Bastilha brasileira e o seu consequente correlato estrangeiro. Por quê? Porque na Bastilha brasileira estavam as putas, as bichas, os negros, as freiras oprimidas, os noviços no cio, a menina de família vaporosa, a mulher dispaurênica, enfim, todos estes personagens de segunda categoria, da boca do lixo, que em nada contribuiriam, em tese, na grande REVOLUÇÃO, na propugnada REVOLUÇÃO UNIVERSAL marxista - a revolução dos trabalhadores -, mesmo que o contexto "revolucionário" fosse localizado.
Impressiona o FATO de que na Academia esta foto de Gabeira usando biquíni tenha encontrado repercussão suficiente para afirmar que a sua atitude iniciava novos tempos, porque a partir daí, então, começava-se a pensar numa espécie de política do corpo. Um CORPO MASCULINO vestido com uma peça do vestuário feminino inaugurava, portanto, ou, pelo menos, fazia parte de uma REVOLUÇÃO, aparentemente, superior, pois não se pautava no reacionarismo, mas nas liberdades, não na macro-política, no seu caráter universal, mas nas micro-políticas, nas suas localidades: a Revolução Cultural. 
É, realmente, IMPRESSIONANTE, caso se acredite, que a ação promovida por Gabeira inaugure uma política, ou antes, uma nova política do corpo de modo que esta sua ação - o elemento estético - comece e termine nele mesmo e que só a partir dele, isto é, desta sua ação, possamos do ponto de vista político extrair algum tipo de valor - moral! - e estabelecer novas vias de acesso ao padrão. Sem falar que esta sua ação já está pautada ideologicamente. É contra o machismo que interdita o uso de uma peça do vestuário feminino; é a favor do feminismo que impõe a sua própria liberdade.
A realidade discursiva, a estética, a análise política impõe que dividamos, em termos políticos, os poderes em poderes dominantes e poderes dominados e que o fundamento desta realidade seja a própria relação. A relação entre esses poderes divide o poder em dois e aí substancializa cada parte (o poder do dominado não pode ser o mesmo (idêntico) poder do dominante). Quer dizer, parece que do ponto de vista da política há duas essências/identidades de uma mesma substância (poder). Isto é estratégico. O dominado não pode ser reduzido ao dominante, pois isto inviabilizaria a REVOLUÇÃO dos oprimidos. Em termos práticos, o machismo não se reduz ao feminismo e o feminismo não pode ser reduzido ao machismo, pois esteticamente eles lutam em nome de coisas opostas - por isto é mister se MANTER o estatuto da DIFERENÇA -. Quer dizer, fazem parecer que uns lutam por estabelecer ou manter um poder e uma dominação específica e que o outro luta por desmantelar toda a estrutura que o aprisiona e dominado. E tudo isto, parece, só é possível porque estes "diferentes" poderes inscrevem sobre o CORPO VAZIO a sua realidade de infante.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Jean Willys e o Vazio sexual GAY

De "uns tempos para cá" parece que ninguém mais quer namorar, porque namorar implica em dar bilhões de explicações, declamar o tempo inteiro o mantra "eu te amo, meu benzinho", implica em brigas idiotas por causa de nada aparente, bom, de fato, parece-me que isto já nos encheu demasiadamente o escroto, digo, o saco. Bom, entre os gays, ao que parece, a realidade é só uma: sexo casual. O deputado Jean Willys andou se queixando por estes dias a respeito desta realidade e não descartou o fato de poder ficar novamente com MULHERES, pois, para ele "Dá para conversar durante a transa, não tem a urgência do orgasmo". Bom, o fato dele ficar com mulheres estaria mais pra uma REALIDADE TERAPÊUTICA, cura dos seus FANTASMAS HOMOSSEXUAIS do que pela própria pulsão - tesão, caralho! Desculpem-me, é que às vezes finjo querer falar difícil -. Afirmando-se gay INCORRUPTÍVEL - bem ao estilo GAY ACADÊMICO que leu todos os livros de Judith Butler e Didier Eribon - ele afirma que "A sexualidade é fluida. Sempre fiquei com mulheres em festas. A gente dança, conversa, abraça, beija e (estala os dedos) transa. Mas ciente da identidade de cada um. Eu não descarto de, no futuro, ficar com uma mulher porque o amor faz coisas que até Deus duvida". Esse "ciente da identidade de cada um" é o que preserva todo o conteúdo anti-fluidez, anti-líquido - devia ter dito: morte a Bauman! -, ou seja, é o caráter disfarçadamente substancial, aquilo que reduz este ser GAY a si mesmo, ou seja, a discursividade metafísica querendo disfarçar-se, revela-se.
Acho que já ficou DÉMODÉ demais sair por aí dizendo que se é viado eterno, até a morte, fazendo juras de que mesmo TRANSANDO com mulheres - lindas morenas dos peitos macios, de lábios carnudos, pernas sedosas, bunda de figo e olhos amendoados - preserva-se a identidade de viado - perdoem-me mais uma vez o estilo, quis dizer, GAY -. Talvez, já tenhamos passado da hora de abandonarmos as nossas genitálias, porque como afirma o discurso filosófico da modernidade, vagina, ânus e pênis não nos determina, pelo menos, do ponto de vista da nossa vontade. Bom, mas parece existir um grupo gay bastante reacionário neste aspecto. O INFINITO - quero dizer em linguagem pouco filosófica: Deus! e aqui falo, EXATAMENTE, do nosso corpo biológico - nos determina segundo os reacionários. Talvez, o deputado Jean Willys acredite que ele é gay porque tenha um pênis e que ao transar com mulher não transcenda de uma forma a outra em sua substancialidade sexual. O papo tá ficando meio noiado. Estas SUBSTÂNCIAS SEXUAIS (homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade, travestilidade, lesbiandade, etc.) conhecidas tendem a desaparecer logo em breve. A teoria da relatividade geral misturada à teoria das cordas irá proporcionar uma explicação unissexual para tudo, então, voltaremos ao estado dos seres REDONDOS de Platão, andróginos, em que a experiência imediata em qualquer campo de nossa vida não nos tomará por uma identidade. Viraremos violões humanos, tangíveis. A depender da corda onde se "bata" a sua vibração corresponderá a uma nota, a um som, a uma realidade regida pelos princípios/leis da termodinâmica. No fundo, nem gays, nem heterossexuais... Gases! O mundo e nós próprios viraremos monumentais metáforas ad infinitum.

A educação de João Pessoa na U.T.I


O professor Luiz Junior, ex-secretário municipal de EDUCAÇÃO de João Pessoa, ao sair do comando da pasta deixou em seu lugar a professora Edilma Ferreira da Costa... Que lamentável! Assistindo a uma entrevista da nova secretária no programa da TV Arapuan - REDE VERDADE - a "tia" em questão não conseguia sequer acertar uma concordância verbal; sem falar que, a "tia" desconhece o PLURAL das palavras. O prefeito Luciano Cartaxo (PT) parece ter trocado um BATATEIRO por uma CABECEIRA para chefiar a ZORRA em que se transformou a EDUCAÇÃO em João Pessoa. Só falta agora encontrar @ CARROCEIR@ para o cargo de adjunt@ da pasta. Tenho dito!!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Jair Bolsonaro, Jô Soares e os Reacionários

Bom, talvez, não seja novidade para mais ninguém aquela fala do deputado carioca Jair Bolsonaro a respeito de não ESTUPRAR a também deputada federal Maria do Rosário por ela simplesmente "NÃO MERECER". Bom, vocês provavelmente já tomaram ciência da REAÇÃO do apresentador e comediante Jô Soares (Rede Globo) quando em sua plateia, depois da apresentação da FATÍDICA cena em que o Jair Bolsonaro diz que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada alguém grita: "Viva Bolsonaro". Assustado, o apresentador pergunta contundentemente quem havia se expressado daquela forma e pergunta se o "Maluff" estava na plateia. 
A REAÇÃO geral contra a fala do Bolsonaro é sintomática. Por um lado expressa a criminalização do que consideram um sintoma doentio, O MACHISMO, por outro recoloca A MULHER no seu lugar de indefesa, lança-a para um coletivo moral cuja força ultrapassa a esfera da individualidade e aí a domina mais uma vez num discurso de fragilidade e proteção. O que as reações midiáticas e intelectuais contra o Bolsonaro, a meu ver, expressam, é mais uma vez o discurso moralizador. De repente, todos se tornaram FEMINISTAS, quase matriarcalistas, matronas protetoras. Mas, por trás de todo este discurso de JUSTIÇA - CONDENEM O BOLSONARO - há um apelo à manutenção da NOVA ORDEM (?). Quando os frios interesses veem chocar-se às paixões mais doentias é a verborragia moralista que aparece em cena ou para ABSOLVER ou para CONDENAR. Tenho dito!!!!!


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O apóstolo Paulo e a Homossexualidade

Um camarada amigo meu pediu para que eu escrevesse um texto a respeito da explicação paulina - aos Romanos - a respeito do que ele, Paulo, considerava impureza sexual e sua origem. Pois muito bem, é o que pretendo fazer. Então, vamos lá. 

***

Ouço muitas vezes em alguns ambientes - mesmo quando não sou chamado a dialogar - muitas condenações aos homossexuais. Veementemente, ouço algumas pessoas passarem na cara de lésbicas, gays, travestis, etc. aquela passagem do Antigo Testamento (Lev. 18:22) que diz, textualmente, que aquele "homem que se deitar com outro como que com mulher fosse, é abominável". É verdade, companheiros, meus camaradas, Deus, este Deus aí do Antigo Testamento, era um "cara" ranzinza, parecia-se demasiadamente à psicologia de seus líderes em nada devendo a todo o panteão grego. Contudo, há milhares de outras coisas que são ABOMINÁVEIS a Deus naquele contexto como, a exemplo, o fato de se consumir CRUSTÁCEOS, portanto, comer CAMARÃO ou chupar a perninha de um CARANGUEJO está ao mesmo nível que DAR O CU e sentir prazer com isto (Lev. 11). Portanto, meus amigos, meus camaradas gays, lésbicas, travestis, não temam... Não há um só crente que não tenha comido um camarãozinho, nem chupado uma perninha de caranguejo... E muito dificilmente vocês encontrarão aqueles que tenham pedido perdão por tão abominável pecado. 
Contudo, o mais surpreendente de tudo é que QUEIRAM - os crentes de um modo geral, bem como, os católicos - aplicar o pensamento paulino, isto é, do apóstolo Paulo, à verdade de Deus. Na verdade, têm o maior tesão em monopolizar a compreensão dos textos que são considerados dentro da esfera religioso-cristã: sagrados. Bom, desde Martinho Lutero que fomos AUTORIZADOS a ler e a interpretar tais textos invalidando, assim, qualquer interpretação que nos ofenda, que seja monopólio de cúpula religiosa ou que expresse por um ou outro meio uma visão deste tipo. Vamos lá, vamos ver o que diz Paulo aos Romanos a respeito do que hoje nós chamamos HOMOSSEXUALIDADE. Só se chega à compreensão da condenação PAULINA, isto é, de Paulo à determinadas práticas sexuais (hoje chamadas homossexuais) por uma questão de entendimento religioso do próprio Paulo. Vamos lá, diz-nos Paulo em Romanos 1: 21-30


21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.
 22 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos
 23 e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
 24 Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si.
 25 Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
 26 Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.
 27 Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
 28 Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam.
 29 Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros,
 30 caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais;

VOLTEI.
Caberia aqui uma série de indagações que, por economia de tempo, não as farei. Façam vocês mesmos. Bom, o primeiro ponto que me chama a atenção é a conexão entre Levítico 18: 22 e Romanos 1: 21-30. Contudo, Levítico diz apenas que determinados comportamentos sexuais são abomináveis e encerra o caso. Paulo não, Paulo procura JUSTIFICAR o ABOMINÁVEL revelando os MOTIVOS de tal abominação que não se acham na PRÁTICA IMPURA, mas na dimensão de práticas religiosas, crenças, fé diferentes da do próprio Paulo e do cristianismo. No versículo 23 de sua carta aos romanos Paulo deixa claro a influência ainda do politeísmo romano e, sobretudo, no zoomorfismo (confecção de deuses em formas de animais) que grassou no Egito. Tais práticas divergem de uma prática de fé como a cristã. Percebe-se, portanto, que estas práticas sexuais IMPURAS não eram condenadas pelas antigas religiões (Na Grécia e em Roma estes comportamentos sexuais não eram condenáveis pelo ridículo de seus tempos). Paulo, então, "ingenuamente". associou esse comportamento sexual à demadas da antiga fé pagã, politeísta e as condenou em nome de Deus. Então, este é o segundo ponto. Como pode, então, DEUS entregar alguém a algo injusto, impuro, ruim? Duvido muito, pois isto não condiz nem com os ensinamentos do Cristo, nem com o pensamento do próprio Deus. Isto PROVA, então, só uma coisa: PAULO falava por si mesmo, mas resolveu, por sua autoridade, assinar em nome de Deus. No versículo 28 Paulo volta a condenar em nome de Deus as pessoas que não queriam aceitar este novo Deus. E novamente Deus entrega as pessoas que o negam a algo REPROVÁVEL e declarou que estas pessoas, no versículo 30, são @s INIMIGOS DE DEUS. Então, parece-me que temos dois deuses: um para o Antigo Testamento que ABOMINA tanto o consumo de crustáceos e práticas sexuais impuras (não convencionais para os judeus) e um deus mais bossa nova, isto é, um deus que já não mais condena, que já não mais enxerga o consumo de crustáceos como abominável, mas dar o cu sim. Paulo viveu muito tempo em Roma e até tinha cidadania romana e soube bem usufruir dela quando lhe foi necessário. A homossexualidade só era condenável do ponto de vista da passividade sexual, isto porque em Roma, como todo bom cristão deve saber MULHER não era considerada cidadã, isto é, não tinha direito político e o seu papel sexual sempre foi considerado passivo, então, isto explica porque a passividade sexual nos homens era reprovável. Por isso que Paulo fala dos EFEMINADOS e nada diz a respeito dos "viados" daqueles tempos romanos que eram considerados machões. Só agora pouco que resolveram colocar em algumas traduções as denominações PASSIVO e ATIVO que não existiam para caracterizar, isto é, ligar-se ao pensamento contemporâneo; a meu ver um verdadeiro absurdo. Paulo foi bem LONGE neste quesito, contudo, não vemos Jesus condenar ninguém ao fogo do inferno. A propósito, quando lhe levaram uma mulher adúltera para que a condenassem Jesus disse aos seus acusadores: "Aqueles dentre vós que estiver sem pecado atire a primeira pedra" e dirigindo-se para a acusada indagou-lhe: "Onde estão os teus acusadores?" e terminou por dizer-lhe: "Vai e não peque mais". Esta passagem encerra uma seríssima contradição do ponto de vista da própria visão que Cristo tinha a respeito do seu tempo e da lei de Moisés. Pois levaram até Cristo a mulher adúltera para que confirmasse a sua condenação, uma vez que, pela lei de Moisés aquela adúltera deveria pagar com a própria vida a desobediência da lei. A lei de Moisés não era a própria lei de Deus? O adultério era ou não era considerado por Cristo um PECADO passível de punição? Aqui, então, aparece com todas as cores o início da GRAÇA. Enfim, não vou me alongar tanto mais. Este texto, ou melhor, esta posição de Jesus em relação a Paulo marca entre ambos uma questão de Estilo e Autoridade. A pergunta que fica lançada é: diante das ações do Cristo, diante das ações do Paulo, com quem tu ficas? Tenho dito!!!