Pois é, de um lado o povo que não sabe falar e troca x por s, ss por ç, etc; do outro lado os laureados, os afortunados, os brilhantíssimos pequeno-burgueses de uma classe bem educada - Consegui me superar no jargão marxista tardio! (rs) -. Então, uma professora - aparentemente DOIDA - resolveu escrever um livro em que "se ensina" a falar errado. A mídia, ah, a mídia brasileira, composta de homens letrados, bem educados, muito comportados, exemplo de gentileza e educação, mantenedores da ORDEM LINGUÍSTICA, resolveu atacar o livrinho da professora. Então, ouvi um deputado dizer: "E agora vão ensinar os nossos filhos a falarem errado e ainda temos que concordar com este despautério?". Quase tive um surto... Senti até minha boca entortar. Era o início de um AVC? Não, rápido me acalmei. De fato, as escolas IMBECILIZAM mais do que orientam; emburrecem mais do que inteligibilizam; fazem gatos e sapatos com o aparelho mental complexo e saudável que temos, preparado para níveis de conhecimento muito complexo, mas o máximo que ela - a escola - consegue fazer é REGRAR um tipo de conhecimento que lhe interessa ensinar. Por exemplo: você seria capaz de me dizer qual é a grande diferença entre os conteúdos que são ensinados na escola pública e na escola privada? Resposta errada! Elas ensinam a mesma coisa e imbecilizam do mesmo modo, claro, a diferença que é o aluno da escola privada está sendo imbecilizado diante de câmeras e segurança, no conforto de um ar-condicionado e cadeiras acolchoadas, ao passo que, o aluno da escola pública é imbecilizado no quente, no esconderijo de sua personalidade. Fazer com que os alunos creiam que existe UMA forma de falar certo e outra errada, de escrever certo e outra errada é IMBECILIZAR este aluno para a vida; é mostrar-lhe que só existe um caminho. É o que fazem as escolas. Nunca enquanto fui aluno ouvi um professor de língua portuguesa, por exemplo, perguntar-nos: vocês têm idéia de como a nossa língua foi inventada? Como foi possível que ela se tornasse hoje o que ela é? Por que só admitimos um modo de falar certo e por que diversos outros modos são considerados errados? A língua é uma invenção social ou faz parte da nossa natureza? Será que um paraibano adotado por um casal francês irá falar português na França? Enfim, são questões que não aparecem na sala de aula. São questões que são muito mais do universo da linguística dos sabidos que faz odiar a gramática dos imbecis.
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