terça-feira, 19 de abril de 2011

Que Chico César que nada... Eu fico é com Ednaldo Pereira!

Por Demétrio,

A proposta teocrática e canonizadora dos artistas "da terra", pelo secretário da cultura Chico César, tem causado burburinho, é bem verdade. É o acesso de ufanismo mais consternante desde o desabafo da Rachel Sherazade,
ex-âncora (palavra muito bem apropriada) do Tambaú Notícias, da TV Tambaú. Silvio Santos, que não é bobo nem nada, levou o pacote de excentricidades Sherazade para divertir os telespectadores do SBT - mas isso é outra história. O máximo que Chico César pode virar é bibelô de terreiro de macumba mesmo. "Mama África", cantaria o próprio, só para intrigar-me. Ora, somos mistura de culturas africanas, indígenas nativas, européias, estadunidenses, orientais, e quiçá, extraterrenas... dentre outras. Particularmente, não poria o "Melô da Mulher Maravilha" para tocar no meu CD Player, assim como não poria Luan Santana, Gatora Safada, Calcinha Maluca e tantas outras combinações de nomes de bandas que possam existir. Mas não o faço por uma questão de gosto. E talvez esteja aí o
grande demérito da questão polemizada por Chico: impedir a liberdade de escolha! E faz isto à medida que tenta legitimar uma cultura local em detrimento do acesso às culturas "plasticas", segundo o próprio. Vamos então voltar à ditadura! Vamos ignorar a globalização e a internet! Vamos fechar-nos em um mundinho de lembranças passadas, e numa "cultura" que não mais é representativa da sociedade que temos hoje (ou ao menos grande parte dela).
Para Chico César, é legítimo ser afro-descentente. É legítimo usar dreadlocks e adereços da cultura negra. Cultura nossa? Assim como é legítimo ouvir forrós que falam de coisas que não vemos mais. São costumes que mudaram, para o bem e/ou para o mal. É a percepção de cada um.
Por isto mesmo eu fico com a ingenuidade e a autenticidade de Ednaldo Pereira, aquele para os quais os grandes holofotes jamais apontarão - a não ser que por deboche. É paraibano sincero em sua realidade. Percebeu o sotaque? Não tem qualquer intenção de ser maisntream, e ainda dá aquela sensação de bem estar que adoramos ter ao ouvir uma música. Ele também não quer nos dizer que estamos errados em gostar de outras coisas: apenas fala do que acredita! Profundo ou não, é demais! Viva Ednaldo Pereira!

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