quarta-feira, 27 de abril de 2011

O organicismo e o mecanicismo de Gilvan Freire EXPLICAM a força política de Ricardo Coutinho?

Talvez, Gilvan Freire, seja o único ex-político a praticar a sociologia política organicista de um dos fundadores da Sociologia, Émile Durkheim, para dá uma explicação política da força política que Ricardo Coutinho adquiriu. Gilvan inicia seu artigo dizendo que apenas 10% da população eleitoral do Estado tem ocupação política ativa que ele nomeia como sendo: dirigentes, exercentes de mandato eletivo e militantes das organizações políticas. Pois é, Gilvan usa este número - de sua estatística particular - para fundamentar a tese do colossal poder de Ricardo, uma vez que, o barulho que estes 10% "insatisfeitos" com o seu governo, em tese, não teria força contra os restantes 90% que elegeram Ricardo a governador. É, olhando assim, parece racional, parece bem lógico. Bom, segundo Gilvan Freire, estes 90% da população não se movem por "conduto político e nem estão se lixando para
que os políticos pensam e querem": eu duvido da afirmativa. Fosse isto uma REALIDADE, talvez, Ricardo não teria sido eleito com mais de 1milhão de votos. Afinal, Gilvan Freire parece ESQUECER a forte influência do senador eleito Cássio Cunha Lima (PSDB) na eleição de Ricardo. A partir deste momento Gilvan ataca mais de sociólogo organicista do que analista político: enxergando a sociedade mais como um aglomerado ORGÂNICO do que como uma rede de inter-relações que produzem o que chamamos sociedade. Assim, no pensamento organicista de Gilvan "O segredo da saúde política de Ricardo Coutinho está em não perder ou baixar demais a imunidade [...] exatamente na hora em que o poder hostil se arma". Então, Gilvan tenta fazer um trabalho de advinhação pelos números - é praticamente um NUMERÓLOGO POLÍTICO - e é aqui que entra o caráter mecanicista do pensamento de Gilvan. Ou seja, isolados, REMEDIADOS os 10%, é hora de MEDECALIZAR os 90% restantes numa espécie de cordão sanitário. Na linguagem Durkheimiana é preciso MORALIZAR os anômicos, isto é, aqueles que mesmo não participando da vida politicamente ativa, necessita de cuidados para que não se desviem do projeto social idealizado por Ricardo Coutinho. Neste aspecto, diz Gilvan: "É tudo uma questão de cálculos, mas a regra básica é não perder muito. Perder não é fortalecer, é fragilizar. Se o ORGANISMO perde anticorpos, que são as defesas naturais, as bactérias avançam". Neste trecho, particularmente, do artigo, Gilvan Freire revela que o seu pensamento está fora de esquadro, bem como, um pouco preconceituoso. Fora de esquadro, porque faz uma análise orgânica da política social, preconceituoso por imaginar que estes 90%, que ele diz não participar da vida políticamente ativa, parecer-lhe uma verdade praticamente absoluta, focando apenas como politicamente ativo exercentes de mandatos eletivos ou militantes das organizações políticas e é também um pensamento atrasado, porque no campo político - e em outros setores da vida social - a individualidade ganhou faz tempo o domínio da coletividade e, neste caso, falar de 90% é no mínimo um anacronismo político-analítico, bem como, uma pretensão político-analítica pessoal. E à guisa de conclusão, diz Gilvan: "Dos menos de 10% da classe política, Ricardo já teve uma grande parte. Dos mais de 90% da população, teve antes maior fatia. Mas tem perdido dos dois lados. Dependendo da velocidade do tempo e dos fatores de influência, crescerão os inimigos e decrescerão os aliados. É inversão perigosa". Claro, o texto de Gilvan Freire não é pretencioso, nem arrogante. Não visa a rigidez metódica da ciência, fica mesmo na opinião do analista. É um texto gostoso de ler, a escrita de Gilvan é leve, às vezes, scherzando como dizem os italianos, só não se pode esquecer que é pobre na documentação e na fundamentação "teórica". De todo modo, a análise de Gilvan é MANIQUEÍSTA: 10% X 90% = Ricardo Coutinho forte. Tenho dito!

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