Amanhã faz dois dias
que não trepo, Glorinha... Infernos!!!
Já tentou a oração da
solidão?
Que oração é essa,
Glorinha...?
Aquela que se faz no
banheiro, imitando comandante de embarcação: uhn, aixe, uhn... Olha a onda,
acorda: plaft...
Porra, Glorinha, falei
sério, meu.
Mas, o problema é
emocional, orgânico ou de terceira via?
Terceira via? Que é
isso?
O ‘falecido’ já não
aguenta mais tanta carícia; pare de sacolejar o pobrezinho, dê um tempo que ele
volta a empinar...
Sei não, Glorinha, o
problema não é empinar... Empina que é uma maravilha... Dois dias sem uma gozadinha... Não consigo
nem mais consolar o coitadinho... Dorme nos ovos como galinha chocadeira,
triste por não “esborrar”...
Vai ver, os dois
ovinhos chocam e nascem dois pequenos “pintinhos”... Fazem amizade, saem até
pra virar a noite, juntinhos.
Nojenta... Bem que você
podia me ajudar, chegar junto, fazer uma carícia, uma lambidinha não seria nada
mal... Beijinho na boca, chupinho na língua, um “meu amor” aqui, um “eu te amo”
ali, tudo falsamente, quem sabe eu não gozaria?
E o que eu ganharia com
isto?
Dando certo, no mínimo
um “bucho” e um “filhinho” pra chamar de teu... Meninão graúdo, filho de um
macho valentão, cheio de energia, macho, homem de “responsa”, lindo como vossos
olhos hão de me enxergar... Todo “chei” das nove horas, talhado na
malandragem... Garboso, lindo e cheiroso... Um macho pra chamar de teu...
E eu lá quero um
“bucho” teu, desgraçado... Punheteiro inveterado, preguiçoso, malandro, tapado
e maconheiro como tu... Não seria um moleque que nasceria, mas uma filial do
capeta que abriria.
Por minhas pernas não
escorrega qualquer um não... E tenho dito!
Degraçada, infeliz,
puta das costas rocha...
Puta é aquela “véia”
que te cagou pro mundo, “féla”...
Ah, vá-te...
Vá-te!
[Silêncio... Virando a
esquina mais próxima]
Seu Amâncio... Dona
Justa se acha em casa?
Até pensei que fosse um
assalto...
Oxe, e por quê?
Baixe o “guarda” e
pergunte de novo...
Perdão, Sargentão, é
que estou naqueles dias... Preciso dá uma gozadinha, mas as cabritinhas não
querem pastar no meu capinzal, sabe como é, né? Dona Justa trabalha com magia,
então, imaginei que indo lá, quem sabe, ela não me ajudasse?
Está em casa sim... Vá
devagar, procure a sombra, baixe aí o “guarda” e cuidado... Dona Justa é sempre
justa, não é à toa que tem esse nome...
Pode deixar...
[...]
Oh, de casa... Oh, de
casa...
Quem vem de lá? É magote,
peba, peroba, capadócio, histrião, felá da puta, putão, verminoso, malquerente,
ungido de serpente, doido ou bebarrão?
Só sou eu, dona Justa, Tenório...
Vixe, é tudo junto e
misturado... Que vem de lá pra cá?
To carecendo de amor...
A senhora entende, né, dona Justa? Inhá Glorinha não me quer... Me deixou desse
jeito que a senhora mesma pode ver...
Com esta vara esticada,
quase apontada em riste dos meus peitos qualquer santa já havia entendido...
Pois é, pedi até
caridade a mulata graúda Glorinha... Fez pouco caso de minhas necessidades...
Estou abrasado, quase queimado no fogo solitário da paixão, dona Justa...
Já se vê...
E qual é o remédio? Tem
encanto pra esse tipo de coisa?
Magia tem pra tudo que
é tipo de coisa e de necessidade mesmo que o camarada não seja uma beldade como
tu... Eita, bicho “fei” do “carai”...
Assim a senhora me
constrange, siá dona Justa...
É só uma broma...
Carece levar a sério não. Mas, veja bem...Vou te passar os passos do encanto...
Fazendo certo e bem não há como não amarrar a moça mais desejada...
** Em tempo publico o final desta história...
João Cândido Tessar
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