quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MANIFESTO: SÓ A LEITURA SALVA...A leitura nos salva de que?

BOM, está rolando aí nas mídias sociais um vídeo intitulado MANIFESTO: só a leitura salva. Vou dá repercussão levantando, até onde puder, algumas polêmicas. A primeira pergunta que qualquer pessoa minimamente inteligente se fará diante deste vídeo é: que leitura é esta que me propõe esse manifesto, que nos propõe como a salvação? Salvação? Salvação de que? Estamos condenados, perdidos? Então, começa toda a logorréica do vídeo em que se pode ler: " E se... o gosto da leitura fosse levado como mensagem de salvação?" a partir disto o tom ganha o da PREGAÇÃO. Livro nenhum pode nos salvar, autor nenhum pode nos redimir ou nos mudar, transformar: no mínimo, o livro, a leitura nos levará para outro abismo, para mais uma condenação, para novos sofrimentos. Todo movimento que deseja a mudança de outro por incentivos, movimentação, dedução, é DIGNO de desconfiança. A leitura é tão má quanto boa. Nos livros você encontrará toda a cultura passada e contemporânea compactadas e se não tiver muito cuidado o livro te DEVORARÁ no lugar de você devorá-lo. Amigo traiçoeiro, o livro tem muitos abismos, muitos despenhadeiros, casa do moralismo e inimigo da potência. Se alguém soubesse dos perigos que corre ao abrir um livro jamais o abriria no segredo do quarto. O livro é CIVILIZADOR e a civilização é o princípio não da SALVAÇÃO, mas da condenação. Civilizando-se você estará condenando-se. Perde-se a ingenuidade, a potência, o instinto, nega-se a vida para afirmar a sua derrota, a sua condenação através dos livros. Ao abrirmos um livro somos OUTORGADOS a entrar num jogo que se soubéssemos antes as suas regras jamais acordaríamos em dele fazer parte. Lembro-me agora do velho filósofo da ingenuidade J. J. Rousseau que disse: "O homem é naturalmente BOM". Então, quem DENTRE NÓS, os sábios, não GARGALHARIA na cara de Rousseau esta sua oração? E não estava Rousseau certo? O natural não INCLUI o SOCIAL, pois o SOCIAL diz respeito a todo o PROCESSO CIVILIZADOR que não está no passado, mas a cada novo nascimento e morte de um indivíduo que chega e outro que parte da sociedade a qual fará e fez parte. Relembro, então, o filósofo alemão Nietzsche (Genealogia da Moral) para quem o conceito de BOM não afirma a concepção utilitarista lhe deram. Nietzsche como FILÓLOGO e GENEALOGISTA vai fundo, vai buscar em DUONUS o conceito primitivo de BONUS para nos dizer e, talvez, para nos afirmar outrora o que nos disse Rousseau. Não é a paz dos livros ou a sua guerra mesquinha o que nos salva ou nos salvará. Neste aspecto, o livro e a leitura como SALVAÇÃO proposta não transcende muito utilitariamente o que muletas significam para coxos, o que cadeira de rodas significam para paraplégicos, o que varas significam para cegos. Naturalmente o homem é bom, porque naturalmente o homem é potente. Só o processo civilizador o fragiliza e o adoece, ou seja, torna-o leitor e civiliza-dor. O preço desta pseudo-superioridade é a flagelação da própria alma, do seu espírito guerreiro. Tenho dito!!!! 

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