quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vida X Razão: A decadência humana e a superioridade animal Parte III


Quando, então, o conceito de vida (zoé) foi desvalorizado para em seu lugar o conceito mais “sofisticado” de vida (bios) prevalecer passamos a desvalorizar a vida (zoé). Em nome da superioridade, então, recém inaugurada pelos eloqüentes e sábios filósofos gregos a única vida que importava realmente era a bios, isto é, a vida política, a vida da produção dos conceitos, a vida filosófica. Nada mais era importante, nem mais um ser vivente poderia alçar-se à superioridade do homem embora o homem figurasse entre os animais mais fracos e a sua civilização não passasse de outra coisa que não uma decadência daquela superioridade negada em função da racionalidade. A civilização humana avançava e com ela se multiplicavam as agonias humanas. Todo o processo civilizador é um eterno começo. Toda vez que nasce uma criança é preciso, pois, que os mecanismos civilizatórios entrem em ação para encurralar e conter a mais nova besta humanóide que nasce. É a presença inolvidável que os valores supremos da razão inventaram e precisaram a técnica de tal dominação de modo que é praticamente impossível fugir a este controle. Ser racional é a garantia de saúde mental. Quem desejaria ser irracional em ‘sã’ consciência? A sociedade moderna, pois, estabelece-se por padrões de racionalização. É o triunfo! Nunca fomos tão racionais; também nunca fomos tão agoniados. A razão triunfou tanto que se alguém chamar outro de “animal” é com tal desrespeito que a mensagem é recebida que a rebordosa é garantida. Ser animal, pois, por uma inversão de valores que circunstanciavam a vida antes da vida política, talvez, fosse sinônimo de poder. Na vida política, filosófica, citadina tudo é invertido. A natureza é negada em prol da fabricado, do aperfeiçoamento. Filósofos da ilustração são categóricos em afirmar que a civilização melhorou o homem! E de tal modo, de fato, o melhoramento humano é perceptível: comemos com talheres e assuamos o nariz em lenço de papel, eis, pois o melhoramento que a civilização nos patrocinou: só admitimos ser animais sob inspeção e qualificação adequada de que também somos políticos. Decaímos de nossa condição natural para de joelhos procurarmos o fantasma que sempre nos perseguiu: a vontade de potência. Tenho dito!

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