sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Homem-anal: o ser pro-fundo!

Onde foi parar a bicha-louca? A bicha afetada, amaneirada, a bicha que falava fanho e fino, cheia de brilho na cara e lantejoulas pelas roupas? A bicha tipo retrô como o Crô da novela das nove? Aquela bicha que com seu estilo e comportamento desafiava a masculinidade dos motoristas de madame, dos lutadores de vale-tudo, dos 'homens-de-verdade'? De repente, lá no final dos anos 1970 uma artilharia discursiva começava a pôr fim à bicha louca. O argentino Nestor Perlongher, então, declarou a morte da homossexualidade, mas não o relacionamento homossexual. A bicha louca, como viu o francês Guy Hocquenghem, em Barcelona, tornar-se-ia no controlado macho pós-moderno que aceita dá o cu e fazer a barba do marido renegando o seu histórico, lançando-o para a lata do lixo da História a História de seus iguais. As bichas velhas, pois, contorcem-se todas ao ver que as bichas moderninhas, cheirando a normalidade não lhes dão confiança. Mas, há uma crise nisto tudo: nem a bicha-louca existe mais, nem o machão heterossexual como John Wayne ou Rock Hudson. Uma rápida passada em tela pelos bate-papos da vida e você se surpreenderá. A masculinidade virou moeda de troca. Não, não imagine que estou falando de bichas enrustidas, aquelas velhas de armário com mais pregas na cara do que na bunda, não! Estou falando mesmo é do HOMEM-ANAL. Sim, o homem-anal este que aceita ser penetrado em nome da macheza que professa, da normalidade que a prática homossexual alcançou, em nome da masculinidade pós-moderna. Dá o cu não causa mais espanto, nem intimida homens barbados e musculosos. Herdaram das bichas o desejo de tomar pela bunda. Entretanto, mais do que uma herança, é uma descoberta, uma aventura, uma pulsão. O homem-anal pode ser qualquer um: desde um velhinho que ficou viúvo e nunca tenha pensado em ter relações sexuais com outro homem e, de repente, experimenta e descobre novas possibilidades de prazer, até aquele que ao nascer parece trazer toda a genética do caos moderno. Negar a bicha e afirmar o homem-anal, passivo, eis a regra! Mas, evidentemente, isto não é uma regra inexorável. Há as travestis que embaralham tudo isto. Há as bichinhas afetadinhas que se do ponto de vista MORAL não são aceitas, mas é no escurinho da noite, na casa velha abandonada, numa moitinha que se revelam promissoras. O homem-anal é apenas uma ponte. O homem-anal descobriu que há uma infinidade de novas possibilidades de prazer. Tocar a barba de outro homem, sentir o seu cheiro acre, tocar as suas coxas quentes e sentir a estocada de um outro macho em seu traseiro pode ser compensador. As profundidades estão à flor da pele, emergentes que são provocam mudanças radicais e irreversíveis. As bichas-loucas como Tabu e Zazá e a bicha-louca como Madame Satã, talvez, não terão mais espaço no futuro... Talvez. Mas, sabe-se lá o que a História nos reserva? Até ontem os homossexuais eram tidos como doentes e hoje doentes são aqueles que não os aceitam: procurando, pois, consultórios clínicos a fim de entender melhor o que aconteceu com o mundo. Pelo visto, a História nos trará surpresas, naturalmente, das quais muitas indesejáveis. Tenho dito!

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