As denúncias de IRREGULARIDADES que uma revista da Parahyba (capital) vem fazendo contra a Universidade Federal da Parahyba (UFPB) tem levantado debates muito eruditos e por que não dizer acalorados? Os burocratas da Instituição que passavam a vida inteira naquele cafezinho-propaganda, alisando papéis e dobrando folhas, carimbando volumosos almaços institucionais, etc. agora passam o dia inteiro tentando descobrir se as tais denúncias são, realmente, verdadeiras. Bom, lendo a coluna do jornalista Giovanni Meireles no portal PBAGORA descobri uma "carta" que o prof. Ademir Alves de Melo lhe escreveu dando conta do APOCALIPSE por que passa aquela instituição depois das tais denúncias. Abaixo, leia carta na íntegra:
O FOGARÉU SE ESPRAIA: É TRISTE, MAS É DA HISTÓRIA
Ademir Alves de Melo
Às vésperas do reinício das atividades acadêmicas, quem percorre as unidades administrativas da UFPB encontra, por toda parte, discussões acaloradas em torno a um assunto, no mínimo, constrangedor: a denúncia de graves irregularidades envolvendo a administração central da instituição. Inclusive poderiam ser subestimadas e lançadas no fosso das intrigas de grupos de interesses, se não tivessem sido veiculadas por uma revista (POLITIKA) de grande alcance público e oferecidas por seu editor-chefe, um dos mais prestigiados e respeitados jornalistas da Paraíba. É lastimável, mas força dizer que nunca na histórica da UFPB a sua direção esteve envolvida em denúncias como essas, que denigrem a imagem da instituição. Como se não bastasse, durante a campanha eleitoral de 2008, um candidato a Prefeito, professor-doutor nacionalmente conhecido por seus trabalhos científicos, aproveitou o espaço do Horário Eleitoral para trazer à tona questões internas sepultadas na memória do tempo. É que, segundo ele, o reitor Polari, alguns auxiliares e os Procuradores Jurídicos, haviam sido contemplados com a incorporação do percentual de 84,32% em seus salários, referente ao malfadado Plano Collor.
É que a ação judicial desse grupo transitou em julgado, sem que a Procuradoria Jurídica da UFPB contestasse a ação. Disse o candidato que eles agiram em causa própria. Todos os demais docentes perderam este benefício. Não se fez esperar a resposta da UFPB: a incorporação foi legal. O candidato indômito tascou a máxima: “Legal, porém imoral”.
Ainda há pouco, num evento acadêmico, reclamamos da inexplicável concentração de recursos para pesquisa, destinados quase que exclusividade às universidades do Sul-Sudeste. Como se tivesse cutucado onça com vara curta, rugiu um docente ferido nos seus brios com um argumento do tamanho de sua grandeza moral:
“Que se pode esperar de uma universidade cujo reitor é o único gestor de uma instituição pública federal de ensino superior do país que não possui a qualificação mínima exigida pelo MEC: o doutorado?”.
Se de fato é verdade o que disse aquele professor ranheta, não é menos certo que isto não desqualifica a UFPB. Hoje, a nossa Universidade possui quase 500 professores doutores atuando nas mais diversas áreas do conhecimento. Demais, quando a comunidade acadêmica escolheu o atual reitor a legislação não impunha restrição dessa ordem para a sua assunção ao cargo. Hoje mudou. Diz a matéria jornalística que a UFPB transformou-se num canteiro de obras, mas, faltou acrescentar que isto ocorre em todas as universidades federais do Brasil, graças ao governo do presidente Lula (PT), que fez jorrar pesados investimentos nessas instituições. Mais apropriado seria se a crítica focasse os novos cursos criados para preencher esses espaços vazios em obras inacabadas e o estado lastimável das instalações antigas. Voltando à questão central, as opiniões se dividem em campos que, na verdade, sequer são opostos, pois, de um lado, as pessoas se acautelam em abonar tais denúncias, à falta de provas materiais, restringindo-se a emitir adjetivos repulsivos; de outro, evitam sair em defesa da causa, na suposição de que as denúncias estão eivadas de inconsistências. Pelo sim ou pelo não, parece que não mais se trabalha na UFPB nestes dias de ânimos agitados, mas de esperanças renovadas. No entanto, há que passar a limpo essa história, até para salvaguardar a imagem da UFPB e, em particular, de seu reitor, ora sob suspeição. Portanto, seria salutar e oportuno que o próprio professor Polari tomasse a iniciativa de convocar o Ministério Público, a AGU (Advocacia Geral da União) e a Polícia Federal para averiguar as denúncias. É triste, mas é da história.
Ademir Alves de Melo é professor-doutor lotado no Departamento de Direito Privado da UFPB.
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