sexta-feira, 1 de julho de 2011

REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: EFEITO BOLSONARO

O vereador Carlos Bolsonaro (PP-RJ), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) após saber que o seu pai estava livre contra as 'acusações' de preconceito aos negros e homossexuais, foi ao twitter e escreveu: "Chuuuuuupa viadada. Viva a liberdade de expressão. Parabéns Brasil!". Ainda inconformado, atacou mais uma vez: "Eles (LGBT) estão chupando dedo. O que queriam não conseguiram, que era impor a ditadura do que eles acham que é democracia". Ironizando ainda falou ao deputado Jean Willys: "O Jean Wyllys disse hoje (quarta-feira, 29)que qualquer um pode chamá-lo de viado, menos eu. O problema deles (LGBT's) é conosco. Eles têm alguma tara com Bolsonaro que não sei qual é,mas eles não vão conseguir nos calar porque eu represento a maioria da população brasileira". Bom, o que me chama mais a ATENÇÃO nestas coisas que o filho Bolsonaro disse é a ideia de REPRESENTAÇÃO POLÍTICA. Fora todo o preconceito de gênero, sexual, ético, etc. o que, de fato, é muito preocupante é que ainda tenhamos de admitir a ideia de REPRESENTAÇÃO POLÍTICA. Veja que o filho do Bolsonaro diz que ele "representa a maioria da população brasileira" embora ele seja um simples vereador - com grandes ares políticos, claro - carioca. Você aí sabe o que significa a representação política? Simples, o teu silêncio. Quando o filho do Bolsonaro diz que ele representa a vontade da maioria ele silencia esta maioria, impede-lhe a falar. Veja que a ideia de REPRESENTAÇÃO POLÍTICA transcende a este evento, a este acontecimento, a esta quebra-de-braço entre os Bolsonaros e os homossexuais. A ideia de REPRESENTAÇÃO POLÍTICA é que é o PERIGO, na verdade, não o preconceito e nisto que temos de fixar a nossa atenção. Isto é, significa nos perguntarmos: o que é uma representação política? O que se quer ou se deseja com esta representação política? Quem deseja representar? Por quê? Como? Quando nós tivermos resolvido este ENORME problema, isto é, quando tirarmos das mãos dos políticos, quando silenciarmos suas vozes para falar em nome de muitos e deixar que estes MUITOS possam falar aí sim estaremos diante de um grande acontecimento político. É preciso que o povo brasileiro acorde e diga que não quer ser REPRESENTADO por ninguém e que ninguém é capaz de falar em seu nome, falar por si e de si; é preciso que os pobres invadam as ruas e gritem por si mesm@s; é preciso que os gays, as lésbicas, @s transexuais, as travestis invadam as ruas e as instituições e gritem por si mesm@s quais são as suas necessidades e as suas expectativas; é preciso que @s @posentados, @s trabalhador@s, @s negr@s, enfim, saiam de suas casas e invadam as ruas, todos os lugares e falem de si mesm@s, por si mesm@s o que querem, quem são, o que desejam. Enquanto colocarmos a ideia de representação política como realidade fatídica de nossas vidas seremos sempre estes seres silenciosos vendo o espetáculo político desdobrar-se sobre nossas cabeças sem nada fazer. Tenho dito!

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