Uma questão parece que tomou conta dos brasileiros e dos internautas em particular. Na rede mundial de computadores, os usários gays e os não-gays manifestam suas opiniões sobre Ariadna, BBBoca 11, da rede Globo. Tanto gays quanto heterossexuais se indagam a respeito do sexo, sexualidade e identidade de gênero da sister que se assumiu 'ser' TRANSEX: "Fui transexual, mas hoje sou mulher". Na busca inveterada pela verdade sexual, os participantes do reality e os brasileiros de um modo geral trazem novamente à baila questões do tipo: era homem, virou mulher? Já li por ai, em outros lugares, comentários do tipo: "Ele não vai ser mulher é nunca, porque nasceu macho". A própria fala da sister Ariadna é interessante por duas razões: a) revela seu segredinho de gênero invertendo a antiga lógica do próprio gênero para um número de espactadores assustador (bate a casa dos milhões); b) revela que não há nada de natural no gênero. Mas, cria um probleminha, digamos, do ponto de vista teórico, em relação às categorias: é que por transexual se entende o indivíduo qualquer que por meio de uma intervenção cirúrgica re-adequa-se a uma nova realidade de gênero "à sua escolha" (aqui parece que voltamos ao mesmo tipo de problema: escolhe-se ser algum dos gêneros? a adequação genital por meio de uma transgenitalização (troca de genitália) é mesmo uma escolha individual?); por mulher, portanto, entende-se o indivíduo que já nasceu mulher (caracterizada pela marca genital VAGINA), ou seja, aquela velha história ontológica, isto é, o nascimento, a combinação cromossômica divinamente ordenada, o ser, a essência platônico-aristotélica. Foi surpreendente o susto que os brothers levaram ao saber que ela é, na "verdade", ele. Poucos são os questionamentos sobre as verdades firmadas, solidificadas, sobre os axiomas sexuais, entre as pessoas que acusam a jovem Ariadna, bem como, entre aqueles que aceitam 'naturalmente' a nova condição da sister. E, penso, erram ambos e pelo mesmo motivo: falta questionamento. Mas, não vou me delongar num post como este, nem tentar teorizar ou inventar história. O fato é que as forças conservadoras, moralistas acentuam entre os gays, lésbicas, travestis, transexuais, etc., bem como, entre os heterossexuais, bissexuais, etc., o nível de intolerância e a sede pela verdade sexual e de gênero circunscrita a um universo que, em tese, já deveria ter sido superado: o séc. XIX: o século da LONGA DURAÇÃO.