domingo, 22 de setembro de 2013

O preço do afastamento da Consciência Social

A CONSCIÊNCIA SOCIAL exige que nos rebaixemos, eis o primeiro fato. Um indivíduo que demasiadamente se eleva, se afirma, terá de enfrentar o exército de anões raivosos, eis o segundo fato. O indivíduo deste tempo, pois, como de todos os outros, encontra-se ajoelhado. Todas as suas ações, todos os seus valores erguem-se contra si mesmo, para rebaixá-lo. É um indivíduo cansado de viver e sua vida sintomaticamente que é senão distrações? Distrai-se com a ciência, com a televisão, com amigos nos bares, com a arte!, nos grandes debates acadêmicos: sua vida inteira é uma negação. O indivíduo da consciência social nunca fala em seu próprio nome. Emudeceu-se e tem o coração e a vida pesados: é um boi de carga. Já por todo o seu corpo se expressa a moralidade do bem-comum. Quando age nunca é em seu proveito próprio, nunca é para sua utilidade individual e não é aqui onde ele é mais enganado? E a máxima, o grande axioma desta Consciência Social é assim expressa: nega-te a ti mesmo e tudo isto não foi elevado a uma condição mais palatável (divinizaram tal coisa primeiro, depois fizeram aparecer a utilidade prática de tal negação) na ideia do conhece-te a ti mesmo onde conhecer significou pensar e onde pensar significou rebaixar um feixe de instintos poderosos, fortes, por uma espécie de instintos mais fracos? MAS, E DO CONTRÁRIO? O que sucederia se um indivíduo que resolvesse gargalhar de todos os valores desta Consciência Social, de fazer pouco da arte contemporânea, de troçar dos embriagados e lhes mostrar a sisudez do seu estado? O que sucederia se o indivíduo começasse a falar em seu próprio nome, começasse apenas a extrair de suas relações utilidades individuais, ou seja, que ele se tornasse um egoísta? Olhos arregalados! Olhos arregalados! Quem ensinou, quem aprendeu nas baias da Educação da Consciência Social a afirmar-se, a elevar-se, a extrair de todas as relações o seu bem individual? Aí, ao contrário, exigiu-se sempre o comedimento, a parcimônia, sobretudo, O RESPEITO. Mas, o que construiu o respeito? NADA! O respeito nada constroi, apenas conserva. O respeito, pois, é da natureza dos conservantes que tão mal faz à saúde. 
AO MENOR ESFORÇO, pois de afirmação de si soarão os ALARMES da Consciência Social e imediatamente o afirmador será obrigado a negar-se sob pena de limitações e restrições. Mas, é aqui também onde se perceberá a qualidade da sua força. Para afirmar-se é preciso afastar-se, distanciar-se daquela Consciência Social. A medida da distância, do afastamento também será a medida da limitação e da restrição que as forças reativas imprimirão ao desertor. Desertar, pois, é a palavra. O afastamento cria o deserto. E o deserto reforça a força da deserção. É no deserto para o qual estávamos destinados e fomos empurrados onde nos livraremos daqueles pesados pesos que a Consciência Social nos havia confiado. Afastados da humilhação de ser um boi de carga alimentamos o sentimento e a coragem e experimentamos a leveza de nos encontrarmos livres. O afastamento tem um preço e o seu preço se chama solidão. É aqui, então, onde todo indivíduo moderno grita: "acostumei-me demais às pessoas; tenho medo da solidão". Medo! Medo! Medo de voltar a si mesmos. E é aqui onde aquela Consciência Social rebaixa mais o indivíduo que produziu. E para terminar... Não confundam a solidão de um indivíduo que se distanciou da solidão de um indivíduo que adoeceu e permanece em seu hospital  individual.

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