quarta-feira, 12 de setembro de 2012

E A UFPB COM ISSO? SER 0 É SER 10 KKKKKK


OMBUDSMAN



O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo


Diga-me onde estudas...


Ranking universitário criado pela Folha tem problemas graves de metodologia, mas é bom para chacoalhar a academia

Jornalista adora lista dos 10 ou 20 melhores em alguma coisa, votação de "top isso", "top aquilo". Milionários, capas de discos, crimes violentos, escândalos de corrupção, praticamente tudo já virou mote de rankings, sempre montados com altas doses de subjetividade.
Na segunda-feira passada, a Folha lançou mais um: o "RUF", sigla que parece latido de cachorro e abrevia "Ranking Universitário Folha". A listagem provocou bastante barulho no meio acadêmico -o jornal recebeu mais de 300 mensagens em apenas três dias.
As críticas mais contundentes foram aos parâmetros adotados para compor as notas em pesquisa, inovação, qualidade de ensino e avaliação do mercado, especialmente nos dois últimos itens.
A medida da "qualidade de ensino" foi dada por 597 pesquisadores do CNPq convidados pelo Datafolha a listar as dez melhores instituições de ensino na sua área de atuação. É um universo limitado, com presença forte de cientistas, que não sabe necessariamente o que se passa nas salas de aula.
É verdade que não há como estimar a qualidade do ensino apenas com dados objetivos (o Enade, por exemplo, é boicotado pela USP), mas o "RUF" limitou demais a fonte de avaliação.
No ranking, a Universidade Federal da Paraíba e a PUC do Paraná aparecem entre as 30 melhores do país, mesmo levando zero em qualidade de ensino -não foram citadas pelos pesquisadores do CNPq.
Já a "reputação das instituições no mercado de trabalho" foi acertadamente montada em entrevistas com 1.212 executivos de recursos humanos de 20 áreas, mas faltou ponderar a nota final. Uma universidade especializada em saúde concorreu com outra que forma administradores, advogados, engenheiros, além de médicos e enfermeiros.
A Unicamp, que não oferece vários dos cursos listados pelo Datafolha, ganhou a maior nota em inovação, ficou em segundo lugar em pesquisa e em ensino, mas recebeu dos profissionais de recrutamento uma nota muito menor que a da Unip (9,17 contra 16,38). Se fosse isso mesmo, a máxima de que a excelência em pesquisa e em graduação resulta em bons profissionais poderia ser esquecida.
O necessário aperfeiçoamento das métricas pode corrigir as distorções mais graves e também trazer novidades. Gastar tanto dinheiro e esforço para concluir que a USP é a melhor universidade do país é pouco. Isso todo mundo já sabe. Um bom levantamento, que revele ilhas de excelência, será mais útil aos vestibulandos e às discussões de políticas educacionais.
Mesmo com tantas ressalvas, o Ranking Universitário Folha é uma ótima iniciativa e veio para ficar. O jornal agiu bem ao dar espaço para as críticas e, segundo a Secretaria de Redação, mudanças serão estudadas para o ano que vem.
É uma boa notícia, porque a academia, que não gosta de avaliações e odeia comparações, precisa ser chacoalhada de tempos em tempos.

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