Bom, já faz algum tempo que o
debate a respeito de gênero/sexualidade se transformou em uma verdadeira piada
científico-acadêmica. De um lado, os partidários da magnífica metafísica da
substância (nascemos homens ou mulheres, conforme, as conveniências), os
cultuadores de Sócrates-Platão-Aristóteles; do outro, os partidários meio que
ensandecidos da desconstrução, do discurso, da vontade de potência, da re-invenção,
re-significação do gênero/sexualidade (os salvacionistas de alguma coisa que se
pretende nova). Entre o céu e o inferno, Deus e o Diabo, estamos todos nós
situados como que numa espécie de purgatório onde não conseguimos purgar
absolutamente nada. Os grandes debates, eruditos bem entendido, não conseguiram
resolver questões primárias a cerca do gênero e sexualidade. Mas, geralmente,
aceita-se que gênero (ser homem ou mulher) é uma invenção da cultura, da
sociedade, do ‘projeto histórico’ do qual somos seus resultados; sexo
geralmente – ligado as ciências da substância – responde muito mais por
questões de ordem biológica (anatômico-fisiológica). Assim, é completamente “natural”
que uma mulher (marca substancial da vagina) desenvolva/emule o gênero
masculino, ou seja, que todo o seu conjunto comportamental não seja aquele
esperado conforme o seu sexo genital. O contrário também é verdadeiro em que um
rapazinho de sexo genital “masculino” desenvolva em relação ao gênero papéis
sexuais e sociais que, em tese, seriam do gênero feminino. Este é um debate
velho, chato, idiota. Por duas razões o considero deste modo: 1) Um menino “efeminado”
que odeia as armas e amas os vestidos e as bonecas, que deseje casar-se com um
homem e não com uma mulher será diagnosticado pela ciência social de um modo
completamente diferente do diagnóstico das ciências médicas e da substância. Portanto,
ao passo que o menino emasculado será visto como uma nova forma de ser
MACHO/HOMEM/MASCULINO (ciências sociais e da humanidade), nas ciências médicas
e da substância este rapazinho será diagnosticado com algum transtorno de
identidade, com alguma alteração endócrino-hormonal, etc. Ao passo que é,
praticamente, um herói, destinado aos grandes discursos políticos da ciência
social e das humanidades, para outros é digno de pena e tratamento substancial.
É um mesmo caso, duas opiniões, debates inacabáveis. Evidente que todos os
problemas levantados pelos pesquisadores não se resumem neste maniqueísmo, mas
é o seu fundamento. Há toda uma complexa rede discursiva – de ambos os lados –
que tenta inviabilizar o discurso do outro na grande teia que a ciência
discursiva inventou. A homoparentalidade é um de seus resultados. A homoparentalidade
está ligada a homossexualidade, portanto, à sexualidade, ao que se faz na cama,
assim, a uma ordem maior, a ordem moral instituidora do coletivo, das crenças,
em última instância, da verdade do ser, portanto, está ligada aos três grandes
porquinhos – Sócrates-Platão-Aristóteles – os fundadores do pensamento
ocidental. A homoparentalidade, portanto, não é uma questão de justiça, de
reconhecimento de direitos comuns, de gênero n’aquilo de sua emulação, de sua
independência metafísica substancial, é uma questão de ordem metafisicamente
MORAL. É uma questão filosófica mais profunda à qual os sociólogos e
historiadores tentam dar uma resposta assombrosamente apenas histórica, apenas
social, apenas moral. Precisamos enterrar primeiro os cadáveres que ainda fedem
só, então, a podridão desta carnificina sumirá e em seu lugar perfumes novos
poderão surgir. Precisamos enterrar os nossos pais, afastar de nós os seus
fantasmas. Tenho dito!!!!
Tout le monde vous le dira, difficile aujourd’hui, quand on est psy, d’échapper à la question : êtes-vous pour ou contre l’homoparentalité ? Et il est prudent de tourner plusieurs fois sa langue dans sa bouche avant de répondre.
Dire non c’est prendre le risque d’ être taxé illico d’homophobie, et d’être obligé de se justifier du contraire, ce qui est quand même très énervant !
Dire oui c’est risquer, a contrario, d’être considéré comme prenant lâchement le parti du politiquement correct.
Ce n’est pas s'esquiver que de dire que la réponse n’est pas dans un ni oui ni non, qui me parait terriblement simpliste et réducteur.
Car en soi le fait d’être élevé, éduqué par deux parents du même sexe, ne pose pas à l’enfant de problème particulier. Une fille élevée par deux hommes peut trouver dans sa famille au sens large, parents ou amis très proches, des figures féminines qui pourront lui servir de modèles identificatoires et inversement pour un garçon élevé par deux femmes. Sans compter que l’on sait bien, qu’en chaque homme, en chaque femme, coexistent une part de féminin et une part de masculin, et que l’enfant se construit aussi avec cette dualité. Ainsi par exemple, un père peut être plus maternant qu’une mère, une mère peut être plus autoritaire qu’un père. Même si l’on n'a pas encore beaucoup de recul pour en juger, il est probable que ces enfants-là, et les premières études vont dans ce sens, n’auront pas plus de difficultés que ceux qui sont élevés par un père et par une mère.
En revanche ce qui me parait essentiel, voir fondamental, c’est que ces enfants soient informés que la procréation, quelle que soit sa forme, et donc leur venue au monde, implique nécessairement la différence des sexes, implique nécessairement un homme et une femme. Vouloir nier cette évidence, c’est être dans le déni de la réalité. Il y a de la folie dans l’air !
J’ai vu quelques enfants, encore jeune, entre 4 et 6 ans, élevés par deux femmes, à qui l’on n'avait pas expliqué clairement cela. A cet âge où, pour tous les enfants, la question de la différence des sexes et de "comment on fait les bébés" est constante, cela a des effets toxiques. Ces enfants étaient des enfants agités, parfois colériques ou agressifs avec les autres du même âge. Par leurs symptômes ils montraient qu’ils cherchaient des réponses. On ne leur en donnait pas ou elles n’étaient pas justes. Or il est indispensable de les leur donner. Clairement. Ensuite ils se débrouilleront avec leur configuration familiale. Certains très bien, d’autres moins, comme tout un chacun.
J’ai aussi rencontré des enfants, qui après la séparation de leurs parents, vivaient une recomposition familiale homoparentale. Pour ces enfants, la question des origines ne se posait pas. Ils étaient nés d’un père et d’une mère, puis après la séparation, l’un des deux parents, en l’occurrence c’était le père, vivait en couple homosexuel. C’est plus alors la question de l’ homosexualité qui se posait à eux, car jeunes adolescents, et comme presque toujours à l’adolescence, les fantasmes d’homosexualité étaient pour eux assez angoissants.
Ainsi donc il m’apparaît nettement que pour la structuration psychique d’un enfant, beaucoup plus que les modèles éducatifs, - il n'y en a pas qu’un seul qui tienne la route et le gros bataillon d’enfants névrosés que nous recevons sont élevés par un père et par une mère - c’est la question des origines et de la différence des sexes qui est incontournable et doit être énoncée à l’enfant sans détour.
Béatrice Copper- Royer