quarta-feira, 18 de julho de 2012

A incendiária



Travesti não é homem, também não é mulher; travesti tem pênis, mas não é homem; travesti se veste de mulher, mas não é mulher. Pinta o rosto, unhas, cabelos, seios fartos, geralmente; fala manso, fino, é delicada, mas não é o que a gente imagina que é. Travesti é um ser daquele tipo que a gente descobre aos poucos e depois vai perdendo-o outra vez. Imagina que é homem, pensa que é mulher, mas, rapidamente, descobre-se que não é homem, nem mulher: é travesti. A palavra travesti não tem sentido referencial. Faz alusão aos contrários: é um homem com pênis e tudo sem ser homem de verdade; é mulher de cabelos, seios e encantadora, mas não é de verdade mulher. Travesti é um termo inventado para dá uma pátria a expatriados; é um jeito bem solícito de mandar embora na elegância a quem julgamos, os condenados. Se ouvirmos a palavra travesti rapidamente imaginamos o que é, mas não temos certeza, só dúvida, do que a travesti é. Alguns já disseram que é uma mistura de macho-fêmea: tem pênis, peitos grandes, cabelos longos, faltam-lhe os pelos da barba... Anda mole, tem bunda grande, desperta o desejo, atiça a curiosidade, mas não é homem, nem mulher de verdade. Diabos, que inferno: que é a travesti? 

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