O primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB),
emprega em seu gabinete político, na Paraíba, seu advogado pessoal. No entanto,
o profissional não fica no escritório do parlamentar. Diariamente, dá
expediente no escritório de advocacia do qual é sócio, o Solon Benevides &
Walter Agra.Como assistente parlamentar (AP-2), cargo para o qual foi nomeado
em março de 2007, Walter Agra Júnior recebe mensalmente R$ 8,1 mil. Ele está
dispensado de bater o ponto, regra comum para os assessores de parlamentares
que trabalham nos estados. Agra é também presidente da comissão nacional de
ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na quinta-feira, o GLOBO
revelou que Cícero presenteou uma outra amiga. A empresária Jacquelyne de
Lucena Aguiar foi nomeada assistente parlamentar em 22 de junho de 2011 e se
casou dia 25 do mesmo mês. Ela é filha do segundo suplente de Cícero no Senado,
João Rafael de Aguiar. Depois que o GLOBO noticiou que ela não comparecia para
trabalhar, a Secretaria de Recursos Humanos do Senado enviou uma nota à redação
na qual afirma que ela seria desligada da Casa por abandono de emprego, embora
a legislação deixe claro que o abandono se caracteriza por 30 dias de
afastamento do funcionário, sem justificativa. No caso dela, foram oito meses. O
advogado é amigo de longa data de Cícero. Quando o senador era prefeito de João
Pessoa, Agra foi procurador-geral do município, de 2002 a 2004. Depois, atuou
na campanha de Cícero ao Senado, em 2006. Uma vez eleito, o senador voltou a
dar ao amigo um cargo em comissão no Congresso. A nomeação do assessor foi
publicada em boletim suplementar. Mesmo como assistente parlamentar, pago
pelo Senado, Agra continuou atuando em seu escritório de advocacia, defendendo
clientes, incluindo o senador. Em dezembro do ano passado, foi ele o advogado
de Cícero quando o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou irregular um
contrato celebrado pelo então prefeito de João Pessoa com a Funasa para a
construção de 237 melhorias sanitárias domiciliares. O TCU condenou Lucena a
devolver R$ 82,3 mil e o multou em R$ 10 mil. O GLOBO telefonou nesta
sexta-feira para o escritório do advogado, por volta de 16h. A secretária
disse, em conversa gravada, que Agra saíra, mas garantiu que ele trabalha todos
os dias no local. A assessoria do senador confirmou que Agra trabalha para ele
“há mais de dez anos”. Segundo a assessoria, o advogado atende o senador a
qualquer hora. Ao justificar o pagamento do profissional com dinheiro do
Senado, a assessoria informou que ele presta consultoria jurídica a Lucena e o
assessora juridicamente em projetos. Segundo a assessoria, ele “é um dos que
mais trabalham” para o senador.
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