QUANDO criança adorava ouvir Ney Matogrosso berrar: "Telma, eu não sou gay". Morria de rir e quando mamãe chegava em casa ralhava comigo: "Menino, isso é música de viado". No bairro periférico onde me criei os viados não contavam muita vantagem, a propósito, naquela época, ser viado era uma aberração, um portador de câncer, a chaga da família respeitável, o móvel desestruturador da natureza, dos desígnios de Deus, no limite, o vaso usado pelo Diabo para obrar suas artimanhas. Então, quando alguém via um viado passar na rua - as pobres travestis eram confundidas! - fazia-se até o sinal da cruz, rezava-se no segredo da interioridade: "Abba, pai, afasta de mim este cálice". Os meninos pediam a Deus para nunca desejar os seus amiguinhos... No meu caso, nada disto adiantou, eu sempre desejei mesmo meus amiguinhos (rsrsrs). Bom, então, o cartunista Laerte, um certo dia, não faz muito tempo, resolveu vestir anáguas, saia, blusa blasé, pintar as unhas - quase uma tigresa de unhas crespas -, passar batom carmim nos beiços e maquiar o belo rostinho sexagenário e ir comer uma deliciosa pizza na zona oeste de São Paulo. Ao primeiro pedaço da deusa política - a pizza! - sentiu uma necessidade incontrolável de baixar a calcinha e mijar. Dirigiu-se, então, para o banheiro das sagradas senhoras, das moças de família, das mulheres do lar. Deparou-se com uma siá dona e ela se espantou com a montagem do cartunista: "Mas, isto é um homem!..." (terá visto a tromba do Laerte?). Rápido, foi ao gerente reclamar... Sentira-se estuprada, tadinha. O gerente reclamou com o Laerte e ele de pronto reagiu à reclamação dizendo ser quase uma mulher, ou seja, é uma transgênera "Eu sou uma pessoa transgênera e quero usar o banheiro feminino" (rsrsrs). Fico me perseguindo noites à noites com a indagação: o que é que está além do gênero como diz a palavra trans (além) + gênero? Não ouço nem meus espíritos amigos dizerem nada sobre o assunto. Bom, o caso foi parar na delegacia, boletim de ocorrência e agora Laerte processa o estabelecimento por DESCUMPRIMENTO de uma lei específica: discriminação de pessoa transgênera. Laerte, descendente direto dos Milks da Califórnia, do Bairro do Castro, abriu o berreiro: "Não é bandeira ou causa. É a minha vida e eu vou lutar por ela. Vou fazer valer meus direitos". De fato, Laerte tem todo o direito de usar tanguinhas, calcinhas, calcinhas de oncinha - tão lindas! -, de fazer xixi acocorado, ou seja, ele ou ela, perdoem-me a garfe, não sei qual o nome de batismo gay ou cross-dresser do cartunista, pode fazer o que lhe der na telha. Mas, vejamos pelo lado prático-idiota da existência! Então, qualquer pessoa pinta as unhas, passa um carmim nos beiços, calça um mule ou uma burguesinha e vai a um restaurante... De repente, pode ser um estuprador travestido, um assaltante cuja técnica é o grande disfarce sexual, de gênero, pode ser até o próprio Jeová querendo testar as boas almas, não pode? É assim que pensa a maioria das pessoas brasileiras e se sente insegura com tamanha plasticidade física, cultural, moral. E pensar assim, evidente, não é fruto apenas de preconceito de gênero, sexual, etc. O processo civilizador - eita, to ficando intelectual! rsrs - através de suas técnicas, seus mecanismos, suas disciplinas forjou-nos de tal modo que quando enxergamos a ousadia plástica de alguns indivíduos sofremos, tememos, denunciamos. Então, "aquilo" que vejo no banheiro vestido de mulher é um homem? Grita a pobre criancinha assustada: "Ele tem um pau!". Voz da ingenuidade, conhecedora primitiva da verdade, a criancinha que é ingênua - que era! - já sabe que além das partes íntimas tudo é loucura ou desrespeito de autoridade. Homens usam cuecas, jamais tanguinhas e mais tanguinhas de oncinha. No escritório ao lado da pizzaria o dono da rua chupa um generoso falo e grita como uma meretriz sacrossanta no cio: "Me possui, Kong..." Tenho dito!!!!
Um comentário:
Visitem MCHAL.webege.com ou mchal.110mb.com (esta última um tanto desatualizada) para conhecer considerações sobre o assunto GueiX@ de um ponto de vista espiritual.
Luz nas Trevas!
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