Muita gente está meio assustada com a "bagunça" em que anda o mundo de gênero. Isto é, se se quiser, já se pode mudar o gênero conforme a circunstância. Bom, pela manhã você pode ser "homem" e à noite ser mulher; no dia seguinte você pode ser uma drag-queen ou uma travesti. Muitos estudiosos acadêmicos têm visto nisto e com grande euforia uma espécie de "libertação" de antigos modelos muito rígidos, isto é, uma libertação dos tempos em que só se podia ser homem ou mulher de acordo com o aparelho reprodutor: se você nasceu com um pênis seria homem e teria de morrer assim e qualquer "inversão" de gênero o assunto era logo tratado ao nível da patologia mental; se nascesse com uma vagina teria que seguir o mesmo destino daqueles que nasceram com pênis: mulher no nascimento até a morte. Bom, a perspectiva de uma MULTIPLICIDADE de gênero animou bastante os estudiosos acadêmicos. Eles viram nesta "bagunça" uma grande possibilidade de libertação e uma pluralização da identidade do sujeito. Isto que dizer que, o indivíduo moderno/pós-moderno conforme a perspectiva teórica que se analise isto tudo é um indivíduo pluri-identitário, isto é, ele consegue percorrer sem se abalar os diversos espaços de constituição de gênero, suas práticas, seus desejos, etc. Entretanto, talvez, haja nisto tudo mais euforia e desejo de liberdade dos antigos padrões do que, verdadeiramente, a invenção de algo novo, de algo que transcenda o velho regime, o antigo modelo de gênero. Há uma confusão teórica de gênero em curso. Só para esclarecer um pouco mais, por exemplo, as travestis aparecem em estudos etnográficos como uma espécie de entre-meio, como um cordão muito esticado, uma espécie de abismo que liga o homem verdadeiro à mulher verdadeira. Quer dizer, a travesti embora do ponto de vista estético, do ponto de vista de suas práticas e de seus desejos seja "semelhante" à mulher, é considerada HOMEM por conta do seu aparelho reprodutor, isto é, por conta do seu pênis; nalguns casos, elas são consideradas um novo GÊNERO, daí a ideia de multiplicidade (vários) de gênero no mundo contemporâneo ou são consideradas personalidades QUEER (estranhas) conforme a teoria pela qual a travesti é investigada. Mutas travestis respondem aos pesquisadores que são mesmo homens embora tenham "CABEÇA DE MULHER". Respondem unicamente que são homens por conta do pênis que carregam no meio de suas pernas. Não fosse o pênis, então, seriam MULHERES de verdade. Bom, esse papo levanta muitos questionamentos e não raras vezes os questionamentos para serem respondidos exigem muita erudição. Bom, de qualquer modo, as linhas gerais sobre as "confusões" em torno das constituições de gênero estão postas.
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