sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fernanda Benvenutti: "fui criada por pais heterossexuais, não nasci em lar homossexual"

A ativista Fernanda Benvenutti, mulher travesti, ex-presidente da ASTRAPA - Associação de Travestistis da Parahyba - em uma entrevista hoje a um canal de televisão quando provocada por um apresentador sobre adoção de crianças por casais homossexuais, suas consequências na vida diária da criança, por exemplo, como na vida escolar, Fernanda respondeu: "Eu fui criada por pais heterossexuais, não nasci em um lar homossexual". Bom, talvez, o que daqui pra frente eu passe a considerar gere alguma polêmica até mesmo no meio acadêmico do qual sou parte. 1º) Se a homossexualidade não deve ser incentivada por pais homossexuais, então, há algum problema com a homossexualidade: qual é? Por que a homossexualidade não pode ser incentivada como a heterossexualidade por pais heterossexuais?; 2º) Por que se imagina que em um lar de ordem homossexual os pais devam encaminhar seus filhos o mais que puder para serem heterossexuais? Não seria um preconceito vindo de casa mesmo?; 3º) Alguns homossexuais, e mesmo, alguns heterossexuais, defedem a ideia de liberdade de escolha sexual. Bom, começarei minhas críticas pelo terceiro dos questionamentos para avançar e chegar até ao primeiro. 3º) É pouco provável que tenhamos alguma liberdade de escolha sexual, uma vez que, somos concitados a agir de modo heterossexual desde o berço seja por
pais homossexuais ou heterossexuais, por exemplo, quando os nossos pais nos brinda com espécime de brinquedo de "natureza" masculina e feminina e aqui reside um dos principais problemas, pois, o brinquedo ao contrário do que a maioria da população imagina, não é apenas um aspecto material do deleite infantil, pelo contrário, é parte da formação do gênero - masculino ou feminino -, parte da origem dos preconceitos de gênero e sexual; não é a toa que os nossos pais nos isolam numa espécie de cordão sanitário e nos diz: "meninos brincam de carrinho e meninas brincam de boneca". Portanto, ultrapassar estes limites estabelecidos pela cultura, pelo imaginário, pela estrutura de gênero imposta, significa assumir os riscos desta ultrapassagem na forma do preconceito social, sexual e de gênero a que transexuais, transformistas, drag queens, travestis e outr@s estão familiarizad@s, uma vez que, isto faz parte de suas vidas. Creio que este 3º ponto está suficientemente esclarecido. Vamos para o 2º: Em lares homossexuais a busca pela heterossexualização de seus filhos deve ser a marca fenomenal de que a homossexualidade é uma questão de natureza congênita, não um aprendizado, uma invenção, uma construção sócio-cultural. Portanto, encaminhar o mais que puder, o casal homossexual, um provável filho à heterossexualidade significa despir-se daquele caráter doentio pelo qual a homossexualidade durante mais de um século foi alcunhada de doença degenerativa, desvio espiritual, social; a homossexualidade foi tratada ao nível da criminologia, etc. Portanto, é tão importante para pais homossexuais manterem o discurso da "liberdade" de escolha sexual, mas isto gera o contraditório do discurso bio-homossexual de que "se nasce" isto ou aquilo: hetero ou homossexual. Por fim, o primeiro ponto: 1º) O problema com a homossexualidade não é de ordem sexual, mas de ordem política. O maior temor, por exemplo, do pastor Silas Malafaia era de que aprovada União Civil Homossexual, com estatuto de família, os homossexuais começassem a afirmar o caráter de que é preciso incentivar as crianças a serem homossexuais também. Então, a minha indagação é pertinente: se a homossexualidade não é um desvio da natureza, não é uma condenação espiritual; se a homossexualidade foi retirada Código Internacionais de Doenças (CID), se não há nada que fundamente ao menos uma pequena tese contra a homossexualidade, então, por que a homossexualidade deve ser temida, pior, sanitarizada dentro da própria estrutura familiar a que dá origem? Vejam, amigos, o problema é moral, religioso, preconceituoso com o qual os pais homossexuais de algum modo partilham esta idéia. Por fim, o fato ingênuo de que a partir de agora todas as pessoas irão "tornar-se" homossexuais é risível. Mesmo em sociedades antigas, como Grécia e Roma clássicas, em que a homossexualidade era tida em alta conta e abençoadas essas uniões - homoafetivas: os tebanos já a conheciam e praticavam de costume - até pelo deuses, nunca se imaginou que a homossexualidade fosse motivo de tanto pânico social. Na cabeça de alguns evangélicos a família homossexual irá destruir a família heterossexual, uma vez que, a família constituída por dois homens ou duas mulheres não consegue se reproduzir. Esqueceu o pastor Malafaia, por exemplo, de citar as inúmeras formas de reprodução assexuada. Enfim, os argumentos aqui levantados de que a homossexualidade não deve ser AFIRMADA em nome da liberdade sexual de escolha beira ao rísível e ao ridículo. No mais, tirem vocês mesmos as próprias conclusões. Tenho dito!


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