terça-feira, 12 de outubro de 2010

Infancia

Um lambu assado, rasgado, melado na farinha; um pedaço de bofe espetado no palito de coco e um bolo d'água de quartinha; goiaba verde, araçá, manga verde com sal, pitomba, cana, água fresca e natural; bomba de lama, carnaval, cabra-cega, munganga; sapo-luí, martelo, Marcelo, cachorro-da-molesta, basta-da-égua, desgraçado, infeliz das costas oca, infeliz, eis como diz, como fiz a minha antiga infância. Hoje moço, teimoso, bem-humorado, tinhoso, jocoso, malvado; ir-racionalista, fetichista, amante-afrescalhado; perdido, falido, arrebentado, eis como deve ser, a vida de um cara como eu: gozador, professor, gestor, doutor, prestidigitador; eis aí, segunda infância, sem édipo, sem reflexo, nem alma, sem mãe, sem pai, tudo na natureza se desfaz, só o que nos restando é o sopro.

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