Viver se transformou numa des-aventura. Mais do que numa des-aventura um convite à transgressão. Senão, vejamos: fumar não pode; trepar só pouco, comer lasanha, frituras e todo tipo de gordura tudo isto e muito mais, expressamente, proibidos; fazer piada de bicha, negros, velhos, gordos, professores, juízes, promotores, advogados, também não pode; sacanear o professor universitário com título de doutorado nem pensar; ir a um barzinho jogar conversa fora em companhia de amigos é um risco que se assume; zoar a cara de marxistas, de foucaultistas, chamar a vizinha do 512 de rapariga lascada não pode; dizer que os crentes são todos noiados não pode. Bom, então, o que nos resta? Do começo, assim: comer acelga, salmão e um pingo de limão na salada; usar sempre camisinha no pau ou na bocetinha da mina, afinal, procriar não pode, ser aidético (politicamente correto é dizer: pessoa convivendo com aids), então, nem pensar; faça piada das cebolas, dos cachorros-loucos, dos carros enlatados de sardinha; beba em casa conversando com amigos em um ambiental virtual; pratique a punheta-fone, ou a trepada virtual: peça para seu namorad@ arreganhar-se em frente à câmera do msn: de casa diga que está chupando @ mocinh@ naquele lugarzinho: ele/a deve desenvolver uma nova técnica telepática-prática de sentir o roçar de um bigodinho ou cavanhaquezinho nas partes pouco pudendas. Enfim, a vida ficou muito chata, a agonia se multiplica. Quem, pois, pode mais aguentar estes martírios? Ter barriguinha de cerveja não pode, é contraproducente... O destino de um barrigudo é viver sem sexo; ser intelectual demais, saber citar os poetas - dos clássicos aos contemporâneos - é uma chatice... Ninguém aguenta! Só o que vale é malhar, ficar com aquele corpo saradão, cheio de veias pululantes e músculos saltitantes... Uma regra infernal. Ser viado virou moda, todo macho hoje em dia que experimentar dar a bundinha, chupar um pauzinho... As moças já não aguentam mais os rapazes que se afrescalharam em nome da boa estética, que se feminizaram, em nome da política pública do governo municipal e da lei Maria da Penha. Ao que tudo indica, viver agora é uma merda. Não dá vontade. Os médicos bombardeiam nossas cabeças com os seus discursos de saúde, os chatos acreditam nisto. Bom é ter saúde, o coração batendo bem, o ritmo cardíaco normal é uma conquista! Miseráveis... Têm o ritmo cardíaco em ordem e o coração despedaçados. Ao inferno os chatos, os médicos, esta vida miserável e aos agoniados... A vida pra valer a pena tem que ter muita gordura, muto chopp bem gelado, muita sacanagem, muita piada e, claro, um sexo mais do que tudo, bem temperado. Tenho dito!
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