De repente, deparo-me com a seguinte admoestação: "Ficarão de fora os CÃES, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras e todo o que ama e pratica a mentira Ap. 22:15". Pensei comigo: "Aí fodeu". Estaria o Apocalipse referindo-se, de fato, e literalmente, aos cães que nascem sem pecado no mundo, pois não são frutos do pecado original - a desobediência sexual de Adão e Eva no Éden - ou ao estilo de vida dos filósofos cínicos? Então, pensei, o Apocalipse só podia falar dos "cães" no grego kyon/kynós. Bom, então, seria muita sacanagem condenar ao lago de fogo e enxofre (inferno) os pobres cães que nada têm que ver com a sacanagem que Adão e Eva praticaram no paraíso. Portanto, cães neste caso devem ser interpretados como os filósofos gregos da Escola dos Cínicos que pregavam a vida como a dos cães: sem pudores em demasia. Mas, eu penso que os mentirosos não deveriam ser condenados, menos ainda os homicidas, também não deveriam ser condenados os idólatras, muito menos os adúlteros... A propósito são os adúlteros quem sustentam ainda e em bom ritmo a instituição do casamento: este sacramento! Não fosse pelo adúltero, a família já teria se esfacelado de vez. Uma boa 'cangaia' no final da tarde suaviza o espírito do garanhão trabalhador que ao chegar em casa encontra aquela baranga velha em casa a cuidar dos rebentinhos grudentos chamando o bom cidadão de "painho". Neste caso, o homem ao praticar o adultério desobedece o mandamento que ordena não mentir, não levantar falso testemunho; ele também comete um homicídio, da palavra do Senhor. Para fugir dos problemas gerados ele aceita até feitiço e aí comete o pecado da feitiçaria, vai vivendo feito cachorro e termina amando e praticando a mentira. Bom, o adúltero ainda assim é aquele que mesmo matando, idolatrando, geralmente, sua amante, lançando e aceitando feitiços, carrega com hombridade e segurança o casamento e mesmo em pecado ele cumpre ainda o grande ordenamento,ou melhor, o mandamento: "crescei e multiplicai-vos Gn. 1:20". No final disto tudo, o homem termina nas barras do tribunal de in-justiça. Será forçado a pagar de 10 a 30% de consignação alimentar (pensão alimentar) aos grudentinhos que ajudou a pôr no mundo; terá, provavelmente, uma inimiga para o resto da vida lamentando-se do marido perdido para a amante. No final de tudo, ainda pode ser assassinado pelo filho que não suportando a perda do pai na infância e quando adulto, então, resolve acertar as contas: um pouco por ele próprio, outro tanto por conta da mãe que fora abandonada cheia de meninos. Para terminar, o adúltero ainda será lançado no fogo do inferno, vai sofrer pela eternidade. Sacanagens da justiça, injustiças do céu: o homem não merece tanto desprezo. Tenho dito!
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