As salas de aulas estão cheias de pequenos gênios, as praças estão cheias de gente intelectualizada, no limite, como se diz por lá, superiores. Afinal, o saber que se produz e se pratica por lá é o SUPERIOR. Para qualquer coisa que se ventile, até um peido que se escape do cu de um desavizado, há uma explicação intelectualóide. Assim, a UFPB se transformou em um grande centro cujos intelectuais são de estirpe mediúnica: escrevem o que ditam as almas dos defuntos. Recebem Kant, Kuhn e Lazar; do outro lado, lá nas psicológicas recebem Freud, Wundt, Lacan, Horney. No limite, nada escapa aos médiuns universitários de pequena grandeza. E, deste modo, consegue-se diagnosticar qualquer mazela - doxa ou ortodoxa. Trabalham sempre com as obviedades e quase nada questionam. Nem mesmo a imbecil idéia, o circo das imbecilidades, a grande tragicomédia que é a defesa de um trabalho universitário. Mas, isto, claro, agrada em demasia às bancas que avaliam o trabalho do pequeno infante. Uma ciência atolada no preconceito, uma ciência que não tem como escapar - ao que parece - deste estado da arte. Presos, portanto, estão os pequenos mediuns-cientistas a orgãos que lhe ditam a vida e o modo de escrever, o que escrever e como escrever. Cientistas mirins, fracos, que circulam muito mais pelas praças rumo a um copo de cachaça e a um trago de cigarro, porque isto lhe alivia as dores íntimas. Palco de vaidades, a UFPB se transforma num baile de títulos: quem é apenas granduando, tadinho, não vale quase nada. Quem irá citar num texto de pós-graduação um aluno de graduação que escreve as garatujas de sua imbecilidade num pastichezinho de quinta? Quem dará confiança a uma graduando cujas idéias são meio excêntricas? Afinal, de contas, o saber deve ser respeitado, a academia deve ser respeitada e o que se produz por lá deve ser respeitado. Estamos presos ainda ao séc. de Descartes, estamos presos ainda ao reino do reducionismo, do recorte da realidade, da pretensa neutralidade axiológica. Não há mais um espírito científico - de investigação, de questionamento, etc -, mas um sereno reprodutivismo quântico de idéias antigas, um revisionismo de casas velhas, rebocadas, quase que uma defesa elogiosa das velhas estruturas científicas: o saber tem dono. Não me assombrara a nova onda conservadora que emerge das profundezas da UFPB, como também não me espanta o reacionarismo de alguns entes morto-viventes que passeiam vagamente e têm influência em quase todas as instâncias daquele macro-poder institucional. Espero um dia encontrar com os espíritos científicos e que os encontrando eu possa habitar lugares novos.
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