A COMEÇAR por suas ARQUITETURAS as escolas têm "a cara" dos PRESÍDIOS; a perceber a sua MECÂNICA de funcionamento as escolas têm a missão de especializar o fundamento civilizador. A diferença, portanto, entre a ESCOLA e o PRESÍDIO encontra-se não na filosofia destas instituições, nos seus escopos ou intencionalidades, mas, digamos, no seu material humano. Nas escolas temos tipos mansos, de ideias e ideais largos, tipos dóceis que louvam a sua doçura; nos presídios, ao contrário, os tipos são, assim, de outra natureza, mais brutos, mais ferozes, numa palavra, mais selvagens. Ou seja, os tipos maus, perigosos, os tipos que metem medo. Quem, então, não temeria ter a casa arrombada, ter a carteira roubada, mesmo, ter a vida ceifada por um desses marginais? Se o "marginal" é o tipo mau, perigoso, selvagem, por conseguinte, o tipo bom é aquele manso, adocicado, civilizado, que trabalha, aquele que se transformou no operário das ruínas sociais. O tipo "mau, perigoso" é o que menos tempo de escolaridade teve e aí, talvez, procurem os MANSOS encontrar a RAZÃO para a sua maldade, a sua periculosidade... Falham todas as vezes os MANSOS quando procuram uma razão para tanto. Os brutos, selvagens, maus, perigosos nunca procuram saber "as causas" da civilização dos MANSOS, dos DÓCEIS. Isto não lhes convém saber, não lhes resta saber, afinal, que fariam com uma informação como esta? Justificariam a sua periculosidade, a sua maldade, braveza e crueldade? Ao passo que a ESCOLA busca a transcendência para o espírito dos mansos, o PRESÍDIO põe por terra aquelas ideias e ideais que a escola um dia construiu. Numa larga escala de novos valores, quem é o verdadeiro presídio e quem é a verdadeira escola?
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