Acho que algumas coisas foram invertidas nas escolas. Conversei com alguns professores e deles ouvi histórias lamentáveis. Diziam-se sentir em perigo na escola. Ora, quando ouvi isto tive a certeza de que tudo ia de mal a pior. Então, indaguei-me: os alunos é que eram o perigo? Bom, pensei. Salário de professor é injusto, afinal, eles recebem demais por darem tão pouco. Voltei a me indagar: onde estão os professores perigosos? E, de repente, só encontrei uma multidão de professores acovardados, pobres, medíocres, mesquinhos, gozando de um moralismo e de um fatalismo difíceis de engolir. Eis, pois, a escola: um depósito de lixo profissional. Perdoem-me os camaradas professores, mas vocês já não servem para nada. A propósito, são a PEDRA DO MEIO DO CAMINHO, aquela pedra que "cantou" Drummond: "Tinha uma pedra no meio do caminho". Digo assim amparado por um vasto conhecimento. Afinal, você que é professor, então, responda-me: que risco você oferece para o teu aluno? Que risco você oferece para a escola? Não estás aí acostumado às tuas lições moralistas, a abdicar das grandezas do perigo para oferecer aos teus alunos as baixezas do moralismo que impera nas escolas como segurança escolar? Ah, a escola... Sabes entender a escola, caríssimo professor? Quando pus meus pés neste antro de perversões tive vontade de chorar. Os professores, estes grandes perversores, haviam declarado guerra aos alunos que realmente mereciam um grande olhar e algum respeito: os alunos perigosos. Perguntas-me: quem são estes alunos perigosos? Eu digo: são todos aqueles que ousaram te enfrentar; que ousaram enfrentar o poder da escola; são aqueles a quem o espírito de barbarizar os domina e os faz te enfrentar; enfrentar a ti, ó, pobre professor, enfrentar o teu saber, o teu querer, o teu dominar. É destes alunos que tens medo e te acovardas; é deste santíssimo aluno que desejas te livrar; afinal, encaras a escola como uma extensão de tua casa. E para estes alunos tens apenas uma palavra feita: "Eles não querem estudar". És tão medíocre, dás-me tanto nojo... É preciso repensar toda a escola; é preciso destruí-la a golpes duro de martelo. É preciso construir um grand fort no lugar das grandes muralhas moralistas em que a escola se aburguesou. Tenho dito!
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