HÁ MAIS DE DEZ ANOS quando eu iniciei meus estudos acadêmicos sobre sexualidade, homossexualidade, bissexualidade, transexualidade, etc. os debates acadêmicos ainda giravam em torno de uma etiologia (procurava-se uma CAUSA para a homossexualidade e suas derivadas). O debate sobre a ETIOLOGIA foi suplantado na ACADEMIA (Universidade) sem ter sido levado à exaustão; daí é que o debate volta e meia volta a baila na verve eloquente de alguns psicólogos cristãos que DESEJAM curar os homossexuais de suas homossexualidades. Há dez anos eu me posicionaria extremamente contra àqueles que desejam SER CURADOS da homossexualidade. Mas, é preciso que se entenda esta minha colocação. Naturalmente, pensaria que um RAPAZ ou uma MOÇA que "clama" pela cura de sua homossexualidade só podia ter "surtado". Afinal, os debates eram prodigiosos, eloquentes, nalguns casos, afirmativos de que homossexualidade não podia ser confundida com uma doença psico-degenerativa. Foi no séc. XIX que o homossexual se tornou uma espécie. Era, então, o queridinho das ciências médico-psiquiátricas: o bisturi corria leve na pele dos invertidos. Imaginava-se que sendo o homossexual um doente dos nervos poder-se-ia encontrar um tratamento adequado. Pois é, os métodos de CURA dos homossexuais nunca foram CRISTÃOS por assim dizer. Transplantes de testículos de macacos, eletroconvulsoteria, uma injençãozinha de cardiazol na veia. Passada uma década procuro relativizar muito. Continuo no mesmo lado daqueles que consideram a homossexualidade uma invenção tanto quanto a heterossexualidade, isto é, que somos cultural e socialmente inventados pelo meio que nos acolhe, isto é, pela sociedade da qual fazemos parte e pela cultura que faz parte desta sociedade na qual estamos inseridos. Mas, devo dizer que se deve RESPEITAR àquele para quem a homossexualidade se tornou um mal. Não se deve confundir que a homossexualidade de um determinado indivíduo deva ser ponte de universalização, isto é, que se um homossexual se sente mal com sua sexualidade isto deva gerar um remédio que tenha sua razão a CURA da homossexualidade quando outros tantos homossexuais não vivenciam a sua sexualidade do mesmo modo que aquele indivíduo sem fortuna vivencia a sua: o malogro deve ser levado em conta no nível individual. O debate que se levanta é se é possível que um psicólogo atue PARA CURAR um homossexual. Não vejo nenhum mal. Se um paciente está inconformado com suas práticas sexuais e necessita ser ajudado por que não? Entenda-se... É um caso particular, isolado, individual, subjetivo. O mal não é a homossexualidade, mas o que está fora dela: o social. Os psicólogos geralmente fazem uma análise errônea do homossexual que chega em seu consultório queixando-se de sua sexualidade... Um trabalho mais profundo, talvez, como aquele que fez Émile Durkheim sobre o SUICÍDIO e o SUICIDA recolocaria o psicólogo noutro ambiente a posicionar-se de modo muito diferente. Imaginamos que quando uma pessoa se suicida é que ela sofre dos nervos, que tem todo tipo de problema psiquiátrico: vamos buscar AS CAUSAS na economia doméstica ou sentimental. As causas não poderiam ser sociais? O debate deve ser reaberto e levado a sério. Devemos buscar a causa da homossexualidade? Por que não? A heterossexualidade não é um fato de natureza evidente e o próprio S. Freud já observava este fato dizendo ele que a heterossexualidade necessitava de maior explicação. Precisamos encarar o assunto, levarmos os debates a exaustão, às ultimas consequências. O que não podemos é aceitar uma explicação restritiva, de ordem NATURAL. A natureza não produz homossexuais, nem heterossexuais, nem machos, nem fêmeas. Estas são palavras que NÓS inventamos para marcar, diferenciar os indivíduos dotando-os de certos "poderes"; poderes estes que passam por NATURAIS, mas são tão fantasiosos quanto as explicações que nos dão os cristãos e os cientistas sobre a homossexualidade. Tenho dito!!!
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