QUANDO somos crianças - e duvido que algum dia nos tornemos adultos - nossos pais nos evangelizam e sempre apontam a figura de Nosso Senhor apregoado à cruz. Em seguida vem a rebordosa: "Menin@ fei@, olha ali na cruz o Nosso Senhor que morreu para nos salvar". POIS É, sentimo-nos tão pequenos diante de tamanha grandeza que não dá outra... Tendemos a mudar o nosso comportamento: desejamos ser bonzinhos com a vizinhança, desejamos ser os melhores alunos na escola, desejamos ser o próprio Cristo - que terror! -. De repente, quando olhamos para o quintal de nossa existência nos vemos RETARDADOS MENTAIS. Era tão bom jogar o lixo do vizinho em sua calçada, apertar a tua cigarra, esmurrar o seu portão; era tão bom mandar a professora primária - a mais jusuíta de todas as professoras - tomar no cu; era ótimo puxar o cabelo da guria abusada que se sentia a Cleópatra; bom mesmo era ROUBAR o lápis de cor do colega do lado e vê-lo chorar até não ter mais lágrima para chorar; dedar a filha da vizinha, então, era uma delícia e depois esbofetear o coroinha afrescalhado da Igreja e vê-lo sentir as dores na "caixa-d'água", aquilo que ele chamava de cabeça. Bom, tudo isto nos é proibido logo cedo. Vestir a tanguinha da irmãzinha depravada, não pode: "JESUS morreu na cruz pra te salvar, ele não gosta deste tipo de coisa". Sempre a imagem de um miserável que fez mais por você do que você pode imaginar; a quem você deve obediência prévia, a quem você deve dedicar a vida sem nunca ter entendido de fato, de direito, ao certo, o que fez Jesus de tão bom para que seja seguido, admirado, venerado. Bom, então, quando você passa a ler o que o "cara" disse, de cara, você relembra a infância perdida: "A paz não é deste mundo; eu não vim trazer a paz, mas a espada". A vontade, então, é de voltar a ser criança e você parece ouvir Jesus dizer: "Deixai vir a mim as minhas criancinhas". TODA aquela pregação do padre, do pastor, dos pais em casa não eram condizentes/coerentes com as palavras de Jesus. Na verdade, então, percebemos que na CRUZ mesmo colocaram-nos e Jesus ficou no nosso lugar gargalhando e BRINCANDO do retardo mental das nossas instituições como: a família, a igreja, o direito, etc. NA VERDADE, NAVERDADE, vos digo que SACRIFICARAM nossa infância "feliz" para SALVAR a vida adulta de Jesus: sua eternidade. Portanto, quando ainda hoje olho para aquele MISERÁVEL na cruz não é Jesus que vejo ali apregoado, sendo humilhado, mas a mim próprio, a nós próprios. TOLHERAM-NOS a liberdade e nos ofereceram um Jesus de barro, de brinquedo, um Jesus otário: morto para salvar-nos. Como Jesus costuma dizer: "A felicidade não é deste mundo". Referia-se ao seu próprio mundo e ao mundo de seu tempo. Felicidade é uma palavra de origem latina "felicitas" e significa "fé verdadeira, fé genuína, fé pura". Olha só que incrível... Não adianta corrermos atrás da felicidade, pois ela é inalcançável. OUTRO retardo mental nosso: queremos ser felizes e para isto renunciamos a jogar o lixo do vizinho na calçada, a dedar a Mariazinha que passa no seu vestidinho de bolinha vermelha sob o silvo de um ventinho bastante viril. O mundo dos negócios nos instiga à felicidade: aos gastos, ao endividamento até o pescoço. O MAIOR golpe, talvez, do capitalismo foi ter conseguido colar, bricolar a felicidade ao consumo, à necessidade exagerada de consumo. Feito isto, então, era possível dizer: ser/ter felicidade é ter o que o mercado oferece. O sucesso da Igreja foi ter conseguido tirar Jesus da cruz e no seu lugar nos colocar: somos os ínfimos cristos sacrificados: devemos SOFRER como ele as tormentas da carne - sexo nem pensar! -, devemos ser POBRES - a riqueza é coisa de gente endemoniada como os pastores -, devemos ser MORALIZADORES - como os pregadores e evangelistas - embora não saibamos diferenciar uma tanguinha menstruada de uma cueca borrada de café. POIS BEM, começamos na infância com a imagem da felicidade (Jesus morto na cruz em sacrífico para nos salvar), passamos a adolescência inteira e parte da juventude na fossa, na deprê porque nunca conseguimos obedecer aos ditames morais da Igreja e chegamos à idade "adulta" com RETARDO MENTAL, pois diante do exposto raras sãos as pessoas que conseguem se livrar dos três males: o fantasma de Jesus, a chibata do capitalismo e do seu algoz o consumo e da imagem dos nossos pais nos admoestando e nos apontando os RETOS caminhos. Desgraça de vida... De fato, a felicidade não poderia ser um BEM de consumo, um artigo religioso deste mundo. Tenho dito!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário