quarta-feira, 9 de março de 2011

Nas teias de Sherazade: quando o moralismo vira o penico


Muitas coisas hoje me revoltam no carnaval. Umas delas é ouvir a BOA MÚSICA ser calada à força por hits do momento como o MELÔ DA MULHER MARAVILHA.  Similares que eu não ouso nem citar.
(Rachel Sherazade, âncora da TV Tambaú)

Depois que Rachel Sherazade se ‘notabilizou’ na imprensa local falando algumas asneiras sobre o carnaval, resolvi fazer um comentário à parte sobre o trecho de sua fala aí acima. Em um tom moralista em que condena a exclusão dos ricos aos pobres do carnaval parece que a narradora das mil e uma moralidades da Paraíba, Rachel Sherazade, cai também no ELITISMO e PROSELITISMO que condenava. De modo tão DITATORIAL a boa música é a que Sherazade deve ouvir, tipo, Chico Buarque, Elis Regina, Elizete Cardoso: MELÔ DA MULHER MARAVILHA é coisa de pobre que não sabe SOLFEJAR. Agora imaginem vocês um trio elétrico puxando uma turba de foliões tocando a Alla Turca do Mozart, imaginaram? Pois é! Será que a BOA MÚSICA não tem alguma coisa a ver com uma espécie de DITADURA que dita o que deve ser CONSIDERADO a boa música? Isto me parece o mesmo discurso cristão: reconhecemos as outras religiões, mas FORA do CRISTIANISMO não há SALVAÇÃO. E, assim, xintoístas, budistas, taoístas, xangozeiros, kardecistas, bramanistas, e tantos outros ismos e istas são, rapidamente, lançados ao FOGO DO INFERNO: SIMILARES QUE EU NÃO OUSO NEM CITAR. Como se percebe, o discurso da Sherazade paraibana é frágil, cheio de preconceitos cuja fundamentação não duvide é o moralismo. Libertamo-nos de algumas ditaduras, mas os saudosistas não dão tréguas. A boa música, camarada, é aquela que te agrada, que te faz alegre; é muito parecido com o bom vinho: o que melhor agrada ao paladar. Chega desse ABSOLUTISMO disfarçado da mídia que ARROGANTEMENTE decide o que é bom e ruim. Bom, nenhum sábio iria comparar a obra de Bruckner ou Wagner ao Melô da Mulher Maravilha do mesmo modo que ninguém faria uma comparação idiota entre a música de Beethoven e a de Roberto Carlos. Chega desse IDIOTISMO midiático, sem o menor respeito ao GOSTO individual. Ou será que a Rachel ainda imagina como os marxistas mais ortodoxos que é PRECISO conscientizar o povo das suas agruras? Seria o mesmo que dizer: vamos mostrar as feridas do seu corpo ao Lazarento. Tenho dito!

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