sexta-feira, 11 de março de 2011

Crônica: A FARMACOLOGIA DO GÊNERO


Hoje em dia o ‘cara’ chega na farmácia e diz pro atendente:
- Tem acetato de ciproterona? Perlutan? Seringa de 3ml?
O atendente fica atordoado. Começa a suar frio, chama uma atendente, porque diz que tá passando mal. Então, vem a moça, toda solícita:
- Boa tarde, tudo bom? Em que posso ser últil?
- Quero duas ampolas de perlutan, uma caixinha de acetato de ciproterona, agulha e seriga de 3ml.
A moça, de repente, que trazia o sorriso aberto se fecha, quase faz o sinal da cruz. Só não indaga para quem são todos esses hormônios porque já tá na cara.
- Pronto, senhor, pode se dirigir ao caixa -. Voz trêmula
Quando diante do caixa, mais outro susto. O pobre parece que viu fantasma, sente que suas tripas deram nó, que a rosquela da parafuzeta da sua cabeça acabou de quebrar. Então, diante da máquina diária ele sequer sabe digitar os números.
- O que houve, posso ajudar?
- Não, foi um erro no sistema... Só um instante.
E lá se vai o caixa tomar um bom litro d’água para acalmar um pouco.
De volta, aparentando mais calmo, até ensaia um sorriso, mas fica só no ensaio. Quando Monique paga e começa a caminhar em direção a um rapaz que lha espera no carro, ouve:
- Aquilo era um travesti?
Bem, ela, Monique, sorrir. Diante de todos ela demonstra que qualquer gênero pode ser comprado na farmácia, inclusive, o gênero desumano.

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