Sabe-se lá o que a noite guarda dentro de seus casarões antigos no centro da cidade! Vagalumes acesos, rodeando dentro do mato denso; duas serpentes sinuosas enroscando-se, interpretando-se! O vento leve batendo na mamona verde; faróis para lá e para cá... Corridas, gritos...
- Sua puta! Derrota! Eu te pego!
As serpentes vagarosamente. No fundo do casarão uma cama de campanha. Rápido, as serpentes desnudas, chacoalhando os seus maracás. No fundo do casarão o tilintar de talheres rasgando o mármore, duas arvorezinhas olhando-as deslizarem por seus corpos no ávido desejo de achar o prazer.
- Mete mais que tá gostoso... Ahn.
E o céu, então, se abre para as serpentes que ao fim sorriem e parecem-se com a face brônzea de Deus.
(João Cândido Tessar in: Contos da Cidade Baixa)
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